O investimento brasileiro na área de saúde é bem menor, com relação ao que arrecada o governo, do que o de outros países da América Latina.

Os dados são de um estudo realizado no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México e Venezuela realizado pela Fundação Instituto de Administração (FIA) da Universidade de São Paulo (USP), divulgado no fim de semana pela Agência Brasil.

Enquanto Venezuela, Argentina e Chile investiram em saúde cerca de 16% do valor arrecadado com impostos no ano de 2005, no Brasil o percentual foi de 8,7%.

A diferença é ainda maior em relação a México e Colômbia, onde os gastos com saúde representaram, respectivamente, 24,2% e 37,6% da arrecadação.

De acordo com Leandro Fraga, um dos coordenadores da pesquisa, os dados revelam uma contradição na postura brasileira, diante das características do sistema de saúde do país, que pretende ser universalista e é financiado por toda a população. “A gente deveria ter uma situação oposta.

Dado que todo brasileiro contribui, ainda que involuntariamente, e que estão todos incluídos, a parcela daquilo que o Estado arrecada destinada à saúde deveria ser maior do que em outros países”, considerou.

Segundo o pesquisador, em países como o Chile, por exemplo, os cidadãos podem optar por contribuir e usufruir de apenas um dos dois sistemas de saúde existentes – o público e o privado.

No Brasil, mesmo as pessoas que querem e podem ter um sistema complementar privado, não deixam de pagar pelo SUS, já que seus recursos são arrecadados por meio de cobrança de impostos.

Na verdade, há quase duas décadas os gastos brasileiros com a saúde (em valores atualizados) são semelhantes.

Os R$ 50 bilhões investidos pelo governo brasileiro na área da saúde em 2007 e o valor semelhante previsto para 2008 representam o mesmo gasto por pessoa custeado pelo poder público no início da década de 90: o equivalente a US$ 280 anuais por pessoa.

O valor está acima da média registrada na América Latina, mas não chega à metade da média mundial de US$ 806 per capita.

Para Leandro Fraga a estagnação nos investimentos brasileiros é preocupante, diante do processo de envelhecimento da população observado no período e previsto para as próximas décadas.

O levantamento aponta que em 1990 as pessoas com mais de 60 anos de idade representavam 13,3% da população do país.

Em 2020, serão cerca de 24% dos brasileiros.