A Folha de S.
Paulo deste domingo (17) traz entrevista com o deputado federal e presidenciável Ciro Gomes (PSB-CE), recheada de declarações polêmicas, bem a seu estilo.
Apesar de ter sido ministro de Lula e se manter na base de apoio ao presidente porque vê na sua gestão compromisso com os mais pobres, Ciro avalia que falta ao governo um projeto estratégico para o Brasil.
Também afirma que, tanto FHC quanto Lula, se acomodaram com o patrimonialismo - a prática em que somem os limites entre o público e o privado na administração do Estado. “Tive uma conversa explícita com FHC, reclamando do excesso de concessões e da frouxidão moral a pretexto da sustentação no Congresso.
Lá pelas tantas, ele me disse: \Você é muito jovem e um dia vai se sentar aqui.
Verá que caiu o presidente que não contemporizou com o patrimonialismo.
Ele usou essa expressão.
Fiquei muito chocado.
No governo Lula, vi um pouco de novo a mesma coisa.
Me incomodei muito”, conta.
Sobre o governador de São Paulo José Serra, seu desafeto, Ciro não tem piedade.
Diz que Serra é um homem de valor (por sua inteligência), porém sem escrúpulos e arrogante.
Mais: “Que ele não gosta de pobre, eu sei.” O presidenciável é só elogios, no entanto, a um outro tucano: o governador de Minas, Aécio Neves. “Aécio é uma das grandes e boas novidades que a democracia brasileira está produzindo.
Falta a ele uma vivência nacional.
Nada que o talento, o espírito público e o carisma dele não supram rapidamente.
Votaria nele em uma certa circunstância tranqüilamente”, afirma.
De qualquer modo, Ciro não acredita que Aécio possa migrar para a base aliada do governo Lula, via ingresso no PMDB - o que viabilizaria até uma composição com o socialista.