Oposição só vai apoiar CPI mista se dividir comando Do Estadão Depois de um dia tumultuado, a oposição conseguiu protocolar ontem à noite o pedido de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista para investigar o uso abusivo de cartões corporativos por ministros, assessores e funcionários do governo.
Um primeiro pedido havia sido devolvido, horas antes, por um erro técnico.
Ao saber do revés, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), passou o final do dia recolhendo assinaturas e apresentou um novo pedido, com o apoio de 28 senadores e 189 deputados.
A polêmica, porém, não acabou - se a oposição não conseguir um dos cargos de comando, vai minar a CPI mista e abrir uma exclusiva no Senado. “Em último caso, se for necessário, teremos duas CPIs: uma mista e outra do Senado”, defendeu o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), autor do requerimento para abertura da CPI conjunta da Câmara e do Senado. “Se nos negarem um dos cargos de comando da CPI mista, vamos obstaculizar os trabalhos Casa”, advertiu Virgílio.
A preocupação da oposição se deve à resistência tanto do Palácio do Planalto como dos partidos da base em dividir o comando da comissão.
Após identificar um erro no primeiro pedido de CPI - havia a palavra “apoiamento”, em vez de requerimento -, o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), determinou que as assinaturas fossem recolhidas de novo.
Apesar do empenho de Virgílio em reapresentar o pedido ontem mesmo, a oposição já deixou bem claro que não apoiará uma investigação sob comando exclusivo dos governistas ou “chapa-branca”.
Se o cenário for esse, avisam, vão usar a hipótese da comissão no Senado para pressionar o governo a ceder um dos dois postos-chave. “Qualquer coisa que não seja a investigação dos cartões presidenciais vai cheirar a farsa”, afirmou Virgílio. “Não participaremos de CPI auto-investigativa com o governo indicando relator e presidente.
Não vamos coonestar uma CPI que não vai investigar”, criticou o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). “Se não tem entendimento é melhor que evolua para uma CPI do Senado, com relator de um lado e presidente de outro.” Em meio ao imbróglio, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) e o senador Neuto de Conto (PMDB-SC) - ambos da base de apoio ao governo - foram confirmados para a relatoria e presidência da comissão. “Vamos investigar o mecanismo dos cartões.
Ver se o Judiciário, o Ministério Público, as estatais usam esse cartão”, disse o petista, que assinou o pedido de CPI ontem de manhã.
Conto não assinou.