De A Tarde Online O debate sobre a transposição do Rio São Francisco, que está sendo travado no Senado, despertou embates acalorados entre opositores e defensores do polêmico projeto.
O primeiro duelo da sessão pedida pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), com presença de estudiosos, políticos e representantes do movimento, foi entre o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, e o ministro da Integração, o baiano Geddel Vieira Lima.
O bispo acusou o projeto de servir apenas a interesses econômicos e o governo de fazer “propaganda enganosa”.
Geddel rebateu dizendo que a transposição foi suficientemente debatida e seu objetivo é dar segurança hídrica para o Nordeste Setentrional.
Ele disse que respeitava Cappio e lamentava pelo fato do bispo não ter aceito seus convites para dialogar.
Para o ministro, “é óbvio que as empreiteiras serão beneficiadas.
O problema só existe se há fatos merecedores de investigação”.
Mas o mais duro confronto viria logo depois, protagonizado por Geddel e César Borges (PR-BA).
O senador acusou o ministro de ter mudado de opinião sobre a transposição, de contrário para favorável, “pelo Diário Oficial”, tão logo foi nomeado para integrar o governo.
Geddel rebateu, questionando se Borges também mudou de partido “pelo Diário Oficial”, dizendo que passou a apoiar o projeto porque ele sofreu modificações.
O bate-boca precisou ser mediado pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), que pediu aos debatedores que “elevassem o nível”, deixando de lado os ataques pessoais.
O deputado Ciro Gomes (PSB-CE), antecessor de Geddel, elevou novamente o tom ao questionar a “autoridade moral” de Cappio.
Pedindo ao bispo para que o olhasse nos olhos, ele disse que não aceitava ser classificado como político movido a empreiteiras.
Ciro também fez questão de lembrar que os opositores do projeto foram “todos derrotados nas urnas” pelos aliados do presidente Lula.
Apollo Heringer, coordenador do Projeto Manuelzão, chamou Ciro de ser um habilidoso ilusionista e acusou a transposição de ser um projeto caro e inútil. “É a obra pela obra”.
Na mesma linha discursou o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), João Abner. “O Rio São Francisco simplesmente não tem água para dar conta da transposição”.