Deu na Folha de São Paulo O ex-deputado federal Carlos Rodrigues, 50, disse ontem em juízo, no Rio, ter recebido R$ 150 mil do PT para pagar as dívidas contraídas pelo diretório fluminense de seu partido, o hoje extinto PL (atual PR), na campanha eleitoral de 2002.

Segundo afirmou no depoimento, a negociação que resultou na remessa do dinheiro foi mantida entre o primeiro e o segundo turno da eleição, com o então tesoureiro petista, Delúbio Soares.

PL e PT foram aliados naquele pleito.

Ex-bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, ex-vice-presidente nacional do PL e ex-presidente do partido no Estado do Rio, Rodrigues é um dos 39 réus do processo do mensalão, que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal).

Ele foi denunciado pela suposta prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Em 2005, renunciou para escapar do processo de cassação.

Na denúncia do Ministério Público Federal, Rodrigues é apontado como receptor de R$ 400 mil originários do esquema financeiro que teria sido montado pelo PT em parceria com o publicitário Marcos Valério de Souza.

O valor foi informado pelo próprio Marcos Valério à CPI dos Correios.

O ex-deputado sempre negou ter recebido os restantes R$ 250 mil.

Ele repetiu isso ontem no interrogatório presidido pelo juiz substituto da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Erik Wolkart.

Quanto aos R$ 150 mil, ele afirmou que o envio do dinheiro pelo PT ocorreu com um ano de atraso, em dezembro de 2003, quando os credores da campanha apertavam o cerco contra ele e a cúpula do PL no Estado do Rio. “Nunca imaginei que o dinheiro do PT fosse de origem nebulosa.

Na época, o PT era um partido livre de qualquer suspeita.

Era o guardião da ética e da moral política.

Era o partido do discurso de tudo o que fazia era correto”, afirmou.

Rodrigues disse não se lembrar qual era o total da dívida do diretório, mas que o dinheiro ajudou a quitá-la.

Sacrifício No fim do depoimento, Rodrigues lamentou a vida de parlamentar, a qual qualificou como “muito ruim”. “A vida de um parlamentar é muito ruim, um sacrifício.

Chega de manhã e sai à noite.

Se você vai a um casamento, tem que abraçar cem pessoas que você não conhece.

Se você está em casa com a família, tem que atender a um pedido político ou até mesmo ir a um enterro de eleitor. É um sacrifício pessoal”, disse.