O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) reafirmou, em depoimento prestado ontem à 7ª Vara Criminal Federal do Rio, que por duas vezes avisou Lula do mensalão, que se reuniu diversas vezes para tratar de acordos financeiros entre seu partido e o PT e que tudo o que era decidido tinha a “chancela” do ministro José Dirceu.
Ele se recusou a proposta do juiz Marcelo Granado de aderir ao sistema de delação premiada: “Não quero negociar isso em hipótese alguma.
Não vou fazer nenhuma troca”.
Após a audiência, o petebista definiu a delação premiada como um recurso “para vagabundo”.
Segundo a defesa de Jefferson, foi a primeira vez que juiz propôs a seu cliente contar tudo o que sabe sobre o mensalão em troca do abrandamento de sentença. “Nunca ninguém tinha ousado fazer essa proposta, e jamais pensamos nisso.
Não é a nossa linha de defesa”, disse o advogado Antônio Barbosa.
A sugestão do juiz aconteceu quando, pela terceira vez, Jefferson se recusou a responder sobre qual teria sido a participação de dirigentes petistas em episódios do mensalão.
Jefferson invocou a condição de acusado para se negar a responder. “Confirmo, ratifico, todas as informações que dei no passado.
O momento era outro, era político. (…) Agora, [só] falo sobre fatos a mim atribuídos, não a terceiros”, disse o ex-deputado, que em entrevista à Folha em 2005 disse que o governo Lula pagava um mensalão a deputados em troca de apoio.
Em setembro de 2005, Jefferson foi cassado pela Câmara.
Hoje é um dos 39 réus do processo que tramita no STF.
Em uma hora de depoimento, Jefferson repetiu o que já disse em entrevistas e depoimentos e reafirmou a intenção de arrolar Lula na lista de testemunhas de defesa.
O objetivo seria mostrar que ele alertou o presidente sobre o mensalão.
Da Folha de São Paulo