Por Og Fernandes Assumo a presidência do Poder Judiciário de Pernambuco consciente de que fui ungido com a suprema honra reservada a um magistrado.
Assumem comigo essa responsabilidade todos aqueles que desejarem se comprometer com a melhor prestação de serviços aos que têm sede de justiça.
Não desejo a liderança deste Poder como expressão da soberba.
Busco, sim, a legitimidade, que é fruto da identificação de propósitos e da aceitação dos meus atos pela maioria dos cidadãos.
Nós, magistrados, lapidamos pedras preciosas.
Exercemos o nosso ofício debruçados sobre a riqueza alheia, que pode ser resumida como dignidade humana.
Somos uma ponte sob a qual deságuam todos os dramas humanos e todas as esperanças de reparação.
Nessa função, o Poder Judiciário há de ser ninho e nó.
Ninho para os desvalidos e para os que penam diante da injustiça; nó para os arautos da violência e iniqüidade.
A mais grave doença profissional que pode nos atingir chama-se conformismo.
Ou, no dizer de Calamandrei, “o verdadeiro perigo para a magistratura não vem de fora; é um lento esgotamento interno das consciências, uma crescente preguiça moral que pode interferir na solução injusta e requerer a intransigência que demanda energia”.
Não podemos nos considerar vítimas de uma conspiração da sociedade contra o aparato judicial toda vez que se movem críticas face ao nosso imobilismo.
Esperar não é saber.
O tempo obedece também a ousadia dos nossos gestos.
Temos que perseverar na busca de soluções que abreviem a queixa universal que nos atinge: a morosidade processual.
Colocarei o pensar a serviço do agir na busca da identidade sem demagogia entre o povo e o poder.
Conclamo a todos aqueles que servem à justiça a adotarem uma posição de ativismo cívico, para usar uma feliz expressão do acadêmico José Murilo de Carvalho. É preciso avançar.
Vou avançar.
Mas não avançarei sozinho.
Ao lado dos meus colegas da Mesa Diretora, desembargadores Jones Figueiredo e José Fernandes de Lemos, vice-presidente e corregedor-geral da Justiça, respectivamente, explorarei a imensa riqueza humana existente no âmbito dos magistrados de 1º e 2º graus e dos servidores.
Terei como parceiros de jornada os Poderes Executivo e Legislativo, o Tribunal de Contas, o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil, a Defensoria Pública, a Associação dos Magistrados e as demais Cortes de Justiça.
Orgulho-me de ser pernambucano.
Logo, qualquer adversidade vai me encontrar na trincheira da superação.
Vamos ousar sem medo, pois na frase de Einstein, “não se pode alcançar um novo objetivo pela aplicação do mesmo nível de pensamento que o levou ao ponto em que se encontra hoje”.
Quero ser previsível na gestão desta casa: tomarei posturas idênticas para situações idênticas, louvando-me na lição de Maquiavel: “onde existe igualdade, não se pode instituir um principado; e onde ela não existe, não se pode instituir uma república”.
O Judiciário dos meus sonhos não possui muros.
Assim, Pernambuco será o meu gabinete.
Conversarei com a magistratura e com os servidores sobre a gestão deste Poder, prática, aliás, que já comecei, tão fui eleito, numa primeira reunião com os meus colegas desembargadores.
Aos meus pares desta Corte agradeço a confiança expressa pela votação que tive e pelos gestos que já colhi de apoio ao trabalho do biênio que ora se inicia.
Sou grato a todos os presidentes e corregedores com os quais trabalhei.
Eles me permitiram a oportunidade ímpar do aprendizado na administração pública, que irá me socorrer a partir deste momento.
Agradeço a generosidade das palavras da desembargadora Helena Caúla Reis, que saudou a nova mesa diretora.
Registro no meu coração a presença solidária de tantas pessoas gradas nesta solenidade.
Aos meus familiares, sou todo sentimento pelo que me impulsionaram na vida e que continuam a fazê-lo, através da força do carinho e do aconselhamento.
Senhores magistrados, servidores, operadores da justiça, sociedade em geral.
O Poder Judiciário será o que nós quisermos que ele seja.
Com o esforço de todos, dias melhores virão, como nos versos de Guilherme Arantes: “Amanhã será um lindo dia, da mais louca alegria, que se possa imaginar.
Amanhã, redobrada a froça, Pra cima, que não cessa, Há de vingar.
Amanhã, ódios aplacados, Temores abrandados, Será pleno”.
Muito Obrigado.