São Paulo - O preço da cesta básica dos alimentos continuou a subir em janeiro em 15 das 16 capitais do país incluídas na pesquisa mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese), divulgada hoje (11).

E quatro itens se destacaram nessas altas: tomate, feijão, óleo de soja e banana.

Em contrapartida, caíram em 11 capitais os preços da carne, que é o item de maior valor em todas as cestas básicas.

Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador da pesquisa, economista José Maurício Soares, disse que a queda nos preços da carne se deve ao aumento do abate, por ser período de chuvas e pastos fartos.

Em janeiro, a cesta em São Paulo registrou o maior valor do país pelo terceiro mês consecutivo, com R$ 229,09.

A mais barata no mês foi a de João Pessoa (R$ 159,80) e, na avaliação de Soares, este é o dado mais supreendente dessa pesquisa: “São Paulo deu um pulo de custo em relação a Porto Alegre, com quem tradicionalmente rivaliza [em ter a cesta mais cara].

E Belo Horizonte ultrapassou Porto Alegre.” O preço da cesta ficou em R$ 216,78 na capital mineira e em R$ 214,27 na capital gaúcha.

O documento divulgado pelo Dieese destaca que “em janeiro, o custo da cesta básica na capital paulista isolou-se em relação às demais localidades pesquisadas, cujo preço encontra-se em patamar bem mais baixo – a alta no mês chegou a 6,74%, enquanto em 12 meses o aumento atingiu 24,02%”.

Soares explicou que a composição da cesta não é a mesma em todo o país.

A cesta gaúcha prevê um consumo mensal de 6,6 quilos, contra 6 quilos para São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória e Brasília, e 4,5 quilos para as capitais da Região Nordeste e Belém.

Neste último grupo, também a quantidade de leite prevista é menor e a cesta é a única a ter 12 e não 13 itens, por não incluir a batata, de custo sempre significativo. “Esta é uma das razões para as cestas da região tenderem a ser mais baratas”, disse o economista, para quem a razão da alta em São Paulo não foi a carne. “Na lista detalhada, vemos que a carne caiu 0,74% em Porto Alegre e 0,18% em São Paulo.

A diferença entre a cesta paulistana e a de Belo Horizonte é de mais de R$ 12”, acentuou o coordenador.

O alimento com as maiores altas percentuais foi o tomate, que subiu em 15 das capitais pesquisadas, com taxas superiores a 40% em nove capitais e um pico de 75,91% no Rio de Janeiro.

Apesar disso, no acumulado de fevereiro de 2007 a janeiro deste ano, apenas tomate e açúcar registraram queda de preços.

De acordo com o Dieese, em seis das 16 capitais o poder aquisitivo do trabalhador que recebe o salário mínimo permitia adquirir duas cestas básicas.