Da Folha de São Paulo O governo Lula aceita liberar os gastos sigilosos da Presidência para uma eventual CPI dos Cartões apenas se o mesmo ocorrer com as despesas da gestão de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Na estratégia governista, os dados seriam enviados juntos à CPI.
Apesar de reconhecer que o potencial de estrago na imagem de Lula é muito maior caso sejam encontradas irregularidades, o governo avalia que é preciso mostrar que situações similares teriam ocorrido com o tucano para ao menos reduzir os danos à imagem do petista.
Essa estratégia será acionada apenas se o governo concluir ser inviável evitar a quebra do sigilo dos gastos ligados diretamente a Lula.
Líderes governistas defendem que o Planalto procure formar uma maioria na CPI e, mesmo sob risco de desgaste, impeça a divulgação desses dados.
Para isso, assessores de Lula querem rapidez na distribuição de cargos do setor elétrico para o PMDB.
Se necessário, o governo pode também tentar vetar a quebra do sigilo no Supremo Tribunal Federal.
Para governistas, não deve prevalecer no STF a posição do ministro Marco Aurélio Mello.
Ele questionou o argumento do Planalto de que determinados gastos de Lula não podem ser divulgados por motivos de segurança.
Além de centrar fogo em FHC, a estratégia do Planalto e do PT inclui ainda a decisão de exigir dos governadores e presidenciáveis tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) explicações sobre gastos semelhantes aos dos cartões corporativos do governo federal.
Por orientação da direção nacional do PT, o partido quer criar uma CPI na Assembléia paulista para investigar gastos do governo Serra.
Em Minas, onde PT e PSDB têm boa relação, cobranças a Aécio serão feitas de forma mais amena.
Nas palavras de um ministro, se a oposição “quer um Carnaval”, terá “um Carnaval e meio”.
Na avaliação da cúpula do governo, PSDB e DEM teriam dado às revelações sobre os gastos com cartões gravidade semelhante à do mensalão.
O Planalto diz não temer uma CPI por considerar que não haveria nada de irregular nos gastos do presidente ou de sua família.
Mas não descarta que algum funcionário tenha cometido ilegalidade no uso de cartões -o discurso será que o responsável pagará pelo erro.
A preocupação do governo é que a quebra do sigilo das contas da Presidência revele alguns tipos de gasto que possam ser vistos como exagero pela população, como compra de bebidas, mas que também teriam ocorrido antes.