Por Jorge Cavalcanti Da editoria de Política do JC Único pernambucano na Esplanada dos Ministérios, Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) gastou em dois anos R$ 26.025,62 com o cartão corporativo do governo federal.

No ano passado, o ministro do PSB pagou R$ 15.194,97 em despesas de viagem.

Em 2006, o uso do cartão foi menor – R$ 10.830,65.

Na prestação de contas publicada no Portal da Transparência, o dinheiro foi destinado a custos com locomoção e hospedagem, além de saques em espécie.

Sérgio Rezende e pelo menos mais dois ministros do governo Lula possuem cartão corporativo em nome de algum assessor.

No caso do socialista, a titular é a chefe do cerimonial da pasta, Liney Soares, funcionária concursada.

Por sugestão do setor de planejamento do ministério, ela passou a administrar o cartão em junho de 2006. “É para agilizar a agenda dele”, diz. É Liney que fecha a conta de Rezende a cada hospedagem, enquanto o ministro segue para outros compromissos.

Nos dois últimos anos, Liney fez 25 saques em espécie, em um valor total de R$ 13,7 mil.

Este ano, consta apenas uma utilização: um saque de R$ 718.

O Portal da Transparência – site oficial mantido pela Controladoria-Geral da União (CGU) – não publica o destino do dinheiro que foi sacado.

Liney conta que, nos locais que não aceita o cartão, ela paga com o próprio dinheiro e pega a nota fiscal para o ressarcimento. “Tenho todos os comprovantes guardados.

Quando tenho dúvida em uma determinada despesa, peço orientação ao setor financeiro.

Mas só posso responder por mim”, afirma, eximindo-se da polêmica em torno do mais novo escândalo do governo Lula, que derrubou a assistente social Matilde Ribeiro da pasta da Igualdade Racial, após a divulgação de abusos cometidos com o cartão.

A chefe do cerimonial diz que, para evitar embaraço, começou a fazer um levantamento de todos os seus comprovantes.

O uso do nome de assessores como titular do cartão não é considerado irregular para burlar a prestação de contas.

O procedimento é previsto no decreto que regulamenta o pagamento de diárias a funcionários e autoridades federais.

A CGU não exige que o cartão esteja no nome do próprio ministro.

Tarso Genro (Justiça) e Hélio Costa (Comunicação) também possuem o cartão em nome de assessores.

Já Orlando Silva (Esporte), Reinhold Stephanes (Agricultura), Altemir Gregolin (Pesca), Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) e Marina Silva (Meio Ambiente) têm cartões em seus nomes, o que facilita a identificação dos gastos.

Matilde Ribeiro também tinha o cartão em seu nome.

LORETO O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Marco Loreto, também usou o cartão corporativo.

Em 2005, ele gastou R$ 9.348,21.

Na época, era assessor especial do Ministério da Ciência e Tecnologia.

A prestação de contas indica que Loreto lançou mão do cartão nove vezes, além de quatro saques em espécie, em um valor total de R$ 2.060.

Com exceção de uma compra de R$ 64 na Drogaria e Perfumaria Globo, as demais despesas foram com hospedagem e alimentação. “Não era prática comum o uso do cartão.

A orientação era para os casos de emergência.

As vezes que usei foi sempre a trabalho, acompanhando o ministro”, conta.

Loreto foi nomeado assessor especial pelo então ministro Eduardo Campos (PSB), hoje governador do Estado.

O conselheiro se mostra a favor do cartão.

Avalia que é um método transparente e afirma que o instrumento não pode ser maculado como um todo devido a irregularidades cometidas por alguns.