Da editoria de Economia do JC Os donos de bares e restaurantes às margens da BR-232 vêm doando boa parte de seus estoques de bebidas alcoólicas aos funcionários e amigos, desde o dia 1º.
Mas os empresários, contudo, mudaram seus planos e “compraram” uma idéia inusitada.
Depois do protesto no domingo passado, quando queimaram pneus, eles agora preparam uma manifestação diferente.
Querem distribuir a bebida, já que a venda é que foi proibida pela Medida Provisória (MP) 415, do governo federal.
Augusto Gondim, proprietário do Oficina da Charque, em Gravatá, assegura que precisou negociar com seus fornecedores para devolver alguns dos produtos negociados para o período carnavalesco. “Ainda assim, sobraram três barris de chope, um barril de chope de vinho e uma caixa (com 12 unidades) de uísque.
Pretendemos fazer um novo protesto.
Queremos distribuir a bebida, já que vai estragar mesmo”, destaca Augusto.
Segundo ele, falta apenas definir a data da manifestação.
A reportagem do JC flagrou bebidas expostas em 60% dos locais procurados, ontem.
E em apenas um o produto estava, de fato, sendo comercializado.
Embora não estivesse à venda na churrascaria Rancho Alegre, em Caruaru, várias garrafas de bebida alcoólica estavam bem à mostra no restaurante.
O dono da empresa, Júlio César Portela, disse que espera por uma solução para o caso. “O problema não é simplesmente a bebida, que responde por uns 10% do faturamento. É que, quando um cliente vem com a família para almoçar e tomar uma cerveja, se eu digo que não posso servir, são cinco pessoas indo embora”, critica.
A churrascaria Bovinu’s, também em Caruaru, igualmente mantinha bebidas expostas.
Longe dali, no quilômetro 144 da BR-232, em São Caetano, três restaurantes ficam próximos ao posto da Polícia Rodoviária Federal.
Marluce Silva é proprietária de um deles, a Churrascaria Nossa Senhora de Lourdes.
Ela comenta que, nos fins de semana, as bebidas alcoólicas respondiam por 10% da receita do restaurante. “Assim que soube da MP, parei de renovar o estoque.
E o pouco que tinha, tive que levar para casa e distribuir entre parentes, amigos e funcionários”, lamenta.
NOVAS AÇÕES Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco (ABIH) e diretor do Portal de Gravatá, Roberto Cavalcanti, os empresários do setor estão se unindo para tentar reverter a situação.
Nacionalmente, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) ajuizou ontem, no Supremo Tribunal Federal (STF), uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a MP.
Na ação, a CNC argumenta que a proibição viola os princípios da livre concorrência, da livre iniciativa, do direito de propriedade e da liberdade individual.