Por Juracy Andrade* Na página de Opinião do JC SEGURANÇA NACIONAL?!
A grande festa popular que finda poderá ficar lembrada como o Carnaval do Cartão. É que, no esquentar das baterias e das orquestras, mais uma vez veio à tona, desta vez com ímpeto para derrubar uma ministra, o cartão corporativo da elite do governo federal, criação de Fernando 2º que não poderia deixar de ser aperfeiçoada pela sôfrega irmandade petista, com mais de 20 anos de fome de mordomias.
No País do Carnaval, das capitanias hereditárias, das vantagens indevidas, o que poderia se justificar para atender a uma emergência de Suas Excelências foi se transformando rapidamente em um quebra-galho para despesas que seu beneficiário mui dificilmente poderia fazer pagando do próprio bolso.
Com o inchaço corroído a ferrugem da máquina administrativa que caracteriza um governo tão fraternal e companheiro, a coisa tomou o rumo do escândalo, do deboche, do “perigoso terreno da galhofa”, como dizia Stanislaw Ponte Preta.
Vocês se lembram do tempo do regime fardado?
Não convém esquecer.
Tudo aquilo que não interessava aos militares e às “vivandeiras” (como o general Geisel designava os políticos íntimos da caserna) fosse divulgado era considerado “de segurança nacional” e censurado na imprensa.
Houve até um surto de paralisia infantil que vitimou milhares de crianças porque foi proibido que se alertasse logo no início: questão de segurança nacional…
Volta agora a mesma cantilena.
O SNI recauchutado pela dupla Fernando 1º/Fernando 2º e abençoado por Lula, sob o codinome de Abin, apoiado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), é o novo guardião da segurança de uns poucos, que assombrou, feriu e matou tanta gente entre 1964 e 1985. É o fantasma da segurança.
Pois não é que o cartão corporativo está sob as asas largas e magnânimas da segurança nacional?
A Presidência da República, muito bem assessorada pelo GSI, acaba de decidir a exclusão, do Portal da Transparência da Controladoria Geral da União, de informações sobre gastos com alimentação de suas residências oficiais através de cartões.
Ora, alimentação é um conceito muito amplo e pode até incluir certo tipo de comida muito servida naquela mansão brasiliense freqüentada pelo hoje esquecido Palocci.
São inimagináveis as compras cobertas por esses cartões (também pode-se sacar dinheiro vivo) e é muito ampla a turma atendida, incluindo familiares de Lula.
Lembram-se de Lurian Cordeiro, filha do então líder operário com uma namorada cooptada pela campanha de Fernando 1º para falar mal dele (Lula) em 1990?
Não sei como dona Marisa permite, mas um segurança da moça manipula com inusitada freqüência um cartão corporativo para compras que incluem autopeças, material de construção, combustível, supermercado, munição para arma.
Seguranças do presidente em São Bernardo teriam montado uma academia de malhação.
Isso não é nada.
Eu acho é pouco (que nem aquele bloco de Olinda): Lula está afiando a caneta para assinar um decreto modificando o atual Plano Geral de Outorgas para que a Oi (ex-Telemar) possa comprar a Brasil Telecom, com dinheiro do BNDES, claro, que ninguém é de ferro.
A Telemar é aquela caridosa empresa que viabilizou a Gamecorp, de Fabinho, filho de Lula.
Amor com amor se paga.
Gente, não se deve ter medo de ser feliz… *Juracy Andrade é jornalista.