Da Folha Online Em meio às denúncias de irregularidades envolvendo os cartões corporativos, o ministro Tarso Genro (Justiça) disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria ser “elogiado” e tomado como exemplo por sua transparência na divulgação de gastos públicos.

De acordo com Tarso, foi criada uma “crise artificial” em torno do assunto. “O governo Lula deveria estar sendo elogiado.

Se vai se transformar o uso do cartão [corporativo] em diárias, não é problema desde que permaneça a transparência”, disse Tarso, na chegada à posse do novo diretório nacional do PT, em Brasília. “O importante não é se o ministro usa cartão ou não, é a transparência [dos dados].” Para Tarso, a oposição busca argumentos para criticar o governo.

Na sua opinião, o uso dos cartões corporativos não deveria virar foco das discussões políticas. “O uso do cartão até agora tem sido uma crise artificial.

O tema foi colocado pela imprensa e pela oposição”, disse.

As acusações sobre suposto abusos no uso dos cartões deverá gerar uma CPI (Comissão Parlamentar de inquérito) no Congresso.

Oposição e governo disputam para definir se a comissão será apenas no Senado ou mista (com deputados e senadores).

Apontado como futuro líder do PT na Câmara, o deputado Maurício Rands (PE) tentou evitar as denúncias em torno dos cartões corporativos.

A exemplo de Tarso, ele disse que o tema não deveria virar motivo de “crise nacional”. “[Eventuais] irregularidades devem ser punidas”, disse o parlamentar, que também participa da reunião do diretório em Brasília.

A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), defendeu que haja um enfrentamento das denúncias. “[Deve se] enfrentar a questão dos gastos sem hipocrisia e as irregularidades devem ser punidas”, disse ela, ao chegar à reunião.

Carepa defendeu ainda a manutenção do sigilo em relação a despesas com segurança do presidente da República, vice-presidente, governadores e prefeitos.

Como argumento, ela disse que os governantes precisam “ser preservados”.

DIÁRIAS O governo federal deverá estabelecer uma diária de R$ 350 a R$ 400 para o uso dos ministros em viagens nacionais, segundo informação do Painel da edição deste sábado da Folha.

A medida será uma resposta à crise provocada pela revelação de gastos com cartões de crédito corporativo.

O valor, que deverá pagar hospedagem, alimentação e extras, foi definido após levantamento em diferentes repartições da União.

Os ministros deverão prestar contas das despesas.

O cartão de crédito corporativo continuará a ser utilizado no governo, mas não pelos integrantes do primeiro escalão nem para gastos relativos a viagens.

Antecipando-se à decisão do governo, os ministros Hélio Costa (Comunicações) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) abriram mão do uso de seu cartão.

Já o ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) disse que sua pasta não fornecia cartões para ele nem para assessores, portanto, não teria como utilizá-los.