Brasília - Senadores que integram o bloco de apoio ao governo e também representantes da oposição manifestaram apoio ao pedido de criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) destinada a investigar o uso de cartões corporativos.
O pedido foi protocolado pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Referindo-se à proposta da base governista de criar uma CPI para investigar o uso de cartões desde o governo Fernando Henrique Cardoso, o senador de oposição Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que o governo não quer investigar, mas “semear a confusão para que não se chegue à verdade”.
Segundo ele, foram gastos cerca de R$ 3,6 milhões por meio de cartões corporativos em 2002 - último ano do governo de FHC -, pulando para R$ 8,7 milhões no primeiro ano do governo Lula, e chegando a R$ 78 milhões em 2007. “Nunca se ouviu qualquer denúncia a respeito de malversação de uso de cartões corporativos durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso.
O governo não quer ampliar o foco da investigação, mas, sim, desviar os olhos da Nação.
O Senado Federal tem de preservar suas prerrogativas e investigar esse escândalo”, ressaltou o senador.
Heráclito Fortes (DEM-PI) garantiu que as últimas denúncias envolvendo o mau uso dos cartões corporativos por autoridades federais e servidores públicos mostram “apenas a pontinha de um iceberg”.
E advertiu que, na medida em que o quebra-cabeça for montado, “não sabe onde tudo isso vai parar”.
Fortes também rechaçou a intenção do governo federal de, a seu ver, tentar confundir a opinião pública com relação ao uso do cartão corporativo, na área federal, com o chamado cartão de débito, usado no estado de São Paulo.
Para ele, “são duas situações distintas”, já que o cartão paulista, explicou o senador, “tem uso específico em determinadas atividades, e é feito por ordenadores de despesas”. “Mas um suposto erro ocorrido em São Paulo não justifica os erros cometidos com o mau uso dos cartões corporativos em nível federal”, expressou Heráclito Fortes.
Nesta quinta-feira, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou estar “feliz” por ter sido o governo a tomar a iniciativa e defendeu que a CPI seja tornada mista - com parlamentares do Senado e da Câmara.
O senador acredita ainda que esse colegiado será diferente da CPI das ONGs, que vem encontrando dificuldades para se reunir.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que publicará também na Internet seus gastos de gabinete, que, segundo o senador, não chegam a um terço dos R$ 15 mil mensais a que tem direito.
Suplicy considerou a iniciativa do governo de pedir a criação da CPI para investigar os gastos do governo com cartões corporativos “uma iniciativa positiva e extremamente saudável”.
Afirmou não ter objeções a que a CPI se transforme em mista, mas lembrou que isso depende de haver assinaturas suficientes de deputados.
Romeu Tuma (PTB-SP), que assinou o requerimento pela criação da CPI, disse acreditar que há fatos importantíssimos a serem apurados.
Como exemplo citou a informação de que um segurança ligado à Presidência da República teria comprado, entre outros bens, uma esteira para fazer exercícios físicos. “Mesmo que a esteira seja para o treinamento físico do segurança, de quem é esse patrimônio? É do Estado, não pode ficar no nome do portador do cartão”, afirmou.
Com Agência Senado