Do jornal Povo do Rio A crise entre setores da Polícia Militar do Rio e o Governo do Estado teve ontem mais um capítulo.O Presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (AMAE), Tenente Melquisedec Nascimento, prestou depoimento ontem na 3ª Delegacia de Policia Judiciária Militar (DPJM) do Rio para esclarecer a publicação de uma foto montagem em seu blog pessoal “Militar Legal”.
Na foto, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho aparecia com chapéu e nariz de pinóquio em um texto que fazia críticas à política de segurança pública defendida por Cabral.Irritado com a provocação, no sábado de carnaval, o governador chegou a pedir à Corregedoria da PMERJ a prisão administrativa do militar, por crime de insubordinação.
No mesmo dia, oficiais do órgão foram à casa de Melquisedec, em Duque de Caxias, mas o policial não foi encontrado.
No depoimento, que durou mais de duas horas, o presidentes da AMAE afirmou que publicou as imagens em que o governador aparece como Pinóquio e Adolf Hitler após fotografar faixas em manifestações realizadas por policiais militares do Rio e Pernambuco.O tenente afirmou ainda que sua intenção era cobrar o cumprimento promessas de campanha feitas por Cabral durante a campanha eleitoral de 2007 e forçar o governador a retomar negociações sobre reajuste de salários dos PMs.
O pedido de prisão feito por Cabral ganhou repercussão internacional.
Embora o resultado do procedimento interno instaurado para julgar o caso só saia na próxima segunda-feira, a previsão do próprio Melquisedec é de que receba pelo menos 30 dias de prisão administrativa.
Ele informou em seu blog que, caso a punição seja confirmada, pretende aproveitar o tempo de reclusão para escrever um livro em que contará “o que acontece por detrás das cortinas da PM”.Segundo o tenente, o livro falará de casos de corrupção na corporação nos últimos 20 anos.Ao deixar o prédio da DPJM, o tenente afirmou que a punição não o impedirá de fazer novas críticas. —Não me sinto intimidado com uma possível punição.
Não é mais possível aceitar o que está sendo feito contra a corporação — disse.