A Beija-Flor não revelou oficialmente quanto custou o desfile que lhe rendeu o bicampeonato no Rio, mas extra-oficialmente sabe-se que a escola fez um fiado para a prefeitura de Macapá e o Governo do Amapá, que entrariam com patrocínio R$ 3,5 milhões, com a ajuda de empresários locais.
Até o final de novembro, a escola ainda não tinha recebido um tostão.
Naquele mês, reportagem do Jornal Extra do Rio dizia que a Beija-Flor tinha levado um calote do Amapá.
O acordo de patrocínio teria sido firmado no meio do ano, num almoço no Rio entre os dirigentes da Beija-flor, o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), o prefeito de Macapá, João Henrique (ex-PT e ex-PSB) e o presidente do Sebrae do Amapá, Alberto Góes.
Em dezembro, o secretário de cultura do Macapá, Sérgio Gomes, e o chefe de gabinete do prefeito, Emanuel de Oliveira, visitaram o barracão da Beija-Flor e teriam prometido fazer dois depósitos na conta da escola na semana seguinte.
Algum dinheiro deve ter pingado, já que no réveillon o puxador de samba Neguinho da Beija-Flor fez o show da virada em Macapá.
Estima-se que tenham chegado R$ 1,2 milhão, pouco mais de um terço do prometido, até o dia do desfile.
Outros R$ 600 mil teriam sido captados com empresas cariocas, através da Lei Rouanet.
Como o luxuoso desfile do enredo “Macapaba - Equinócio Solar: viagens fantásticas ao meio do mundo” foi estimado em R$ 7 milhões, a conta não fecha.
O presidente da agremiação, Farid Abraão, promete cobrar, depois do Carnaval, a fatura das parcelas que não foram pagas pela Prefeitura de Macapá e o governo do Estado.
Farid é irmão do patrono e presidente de honra da escola, Aniz Abraão David, Anísio, investigado pela Polícia Federal por envolvimento com caça-níqueis e jogo do bicho.
Preso no ano passado, na Operação Furacão e depois solto pela Justiça, ele fez questão de desfilar e pedir aplausos a escola.
Até foi saudado pelo deputado Rodrigo Maia (DEM) e pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi. .
Por sinal, em Macapá, o acordo de patrocínio causou polêmica, por conta das acusações contra Anísio.
Mas ele não é o único daquela mesa do acordo do patrocínio a freqüentar as dependências da PF.
O prefeito de Macapá foi preso pela Operação Pororoca da PF, em novembro.
Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva, desvio de verbas públicas e fraude de licitações, ele pediu licença do PT depois da prisão.