Do UOL Com o objetivo de neutralizar a CPI mista que pretende investigar os gastos com seus cartões corporativos, o governo decidiu apoiar uma CPI restrita ao Senado para apurar irregularidades com cartões desde 1998, atingindo também o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O requerimento para a instalação da CPI, apresentado pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), foi protocolado na quarta-feira e conta com 32 assinaturas, cinco a mais que o mínimo necessário, informou a assessoria do senador.

Em entrevista coletiva, a ministra Dilma Rousseff disse que gastos com a segurança do presidente não podem ser abertos “Não se trata de manobra nem cortina de fumaça.

A oposição não quer investigar?

Então investiguemos”, disse Jucá a jornalistas.

A oposição vê manobra na tática do governo. “Que se trata de uma manobra clara isso não há a menor dúvida. É a tática do adesismo: vendo que ficaria feio impedir a investigação, o governo agora faz uma CPI genérica para terminar em pizza”, afirmou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), autor do requerimento da CPI mista, disse que a nova comissão não invalida a primeira. “Vamos continuar com a coleta de assinaturas da outra CPI.

Se for o caso teremos as duas, uma do governo no Senado e outra, da verdade, no Congresso Nacional”, disse Sampaio.

Gastos irregulares com o cartão corporativo do governo federal derrubaram a ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, na sexta-feira passada.

Denúncias de uso indevido do cartão corporativo atingiram também os ministros Orlando Silva (Esporte), que devolveu à União os valores gastos nos últimos dois anos, e Altemir Gregolin (Pesca), além de seguranças da Presidência.

No requerimento apoiado pelo governo, a comissão tem como objetivo investigar, além dos cartões, que foram criados em 2001, as chamadas “contas B”.

Essas contas bancárias eram movimentadas por funcionários selecionados que utilizavam talões de cheques.

Depois de análise pela Mesa do Senado, o requerimento da CPI segue para leitura em uma sessão da Casa.