Por Flávia de Gusmão* Enviada especial, do JC Muito antes de entrar no Sambódromo, existiam duas preocupações entre os pernambucanos que saíram do Recife para participar do desfile da Mangueira: estar com a letra na ponta da língua e não fazer feio.
Ainda no vôo, as pessoas que lá estavam a convite da PCR sacavam o cartãozinho com a letra e, em intervalos regulares, bradavam o refrão: “Mandou me chamar, eu vou, pra Recife festejar”.
Indiferente à incorreção da preposição (é pro Recife, e não pra Recife) e à polêmica provocada tanto pelo financiamento de R$ 3 milhões quanto pelo chamado “vôo da alegria”, o prefeito João Paulo mostrava-se seguro com os dividendos que seriam obtidos com o investimento: exposição à mídia nacional do “destino” Recife, antes, durante e depois do desfile. “Estou seguro que o tempo mostrará que um investimento como este gerará retorno satisfatório para o recifense”, afirmou.
A Avenida Presidente Vargas, local onde os carros alegóricos e as pessoas são “estacionados” antes de passar pelo portão da concentração, é o resumo perfeito do que é o Rio e uma indústria tão glamourosa (e milionária) como as escolas de samba: purgatório da beleza e do caos.
Ambulantes, xixi ao ar livre e uma chuva que enlameava tudo contrastavam com a beleza das fantasias e alegorias criadas para celebrar o nosso ritmo: passistas, andaluzas, caboclos-de-lança, colombinas e pierrôs.
Eram quase três da matina quando os fogos pipocaram anunciando a entrada da Mangueira transformada em pernambucana até o talo.
Recife fez 80 minutos de história na avenida mais alegre do mundo. É melhor do que nada. *A repórter viajou a convite da Prefeitura do Recife.