Não chegou a chover no camarote do prefeito João Paulo, no Marco Zero, na madrugada em que a Mangueira estava entrando no Rio de Janeiro, mas aos poucos o clima de euforia foi dando lugar ao que pareceu alguma decepção com a apresentação da escola de samba.
Ainda durante os últimos instantes da apresentação de Nação Zumbi, apareceram as primeiras imagens no telão da praça, reproduzidas também dentro do camarote oficial.
Era o final do desfile, com sinal da Rede Globo.
O orgulho das pessoas ao verem sua cidade representada levava a um grito só: é frevo, é frevo, é frevo, ecoava em toda praça.
Mas, aos poucos, a realidade ia se impondo.
Leci Brandão informava que a chuva atrapalhou o desfile e a escola perdeu leveza, com os adereços molhados. “A chuva fez um papelão.
São Pedro atrapalhou, até parece que ele é mais Salgueiro”.
Depois, aparece um dos responsáveis pela escola chorando na dispersão.
Mau sinal.
A repórter pergunta sobre a crise que afetou a escola este ano e o rapaz fala em superação.
Na seqüência, aparece Carlinhos de Jesus falando sobre a comissão de frente, como querendo justificar-se.
Ele disse que fez mais um trabalho psicológico do que coreográfico pela cultura do Recife, pois as crianças eram inexperientes na avenida.
Outro mal sinal.
Lenine já estava se apresentando no palco principal, quando o pessoal do cerimonial mandou recolher comida e bebida, parando o serviço.
Com a lei seca, a debandada foi geral.
Por volta das 3 e 30 da manhã, até o som interno do camarote foi cortado.
Mau sinal.
Fiquei sem entender.
Se o dia era de festa, não era para comemorar?
Se a escola tivesse feito uma grande apresentação, não era para comemorar?
O sinal que se estava dando era justamente no sentido contrário.
Uma pena, pois a idéia foi fantástica, independente de ganhar ou perder na avenida, que é outra história.
Vassourinhas, não a música, eram abanadas nos pés do convidados, em outro sinal claro de que não eram mais bem vindos, e ainda faltava uma hora para que Milton Nascimento desse o ar da graça na praça do Marco Zero.