A melhor mergulhadora do mundo em apnéia, a pernambucana Karol Meyer é capaz de prender a respiração por mais de sete minutos Da Isto É Karol Meyer gostava de observar a superfície do mar e imaginar como era a vida marinha nas profundezas do oceano quando era menina e acompanhava seu pai em pescarias.

Hoje, há nove anos mergulhadora profissional, ela é praticamente um peixe.

Além de ser familiarizada com o fundo do mar, é capaz de feitos surpreendentes, como prender a respiração por sete minutos e 18 segundos, o que a tornou recordista continental em apnéia estática.

Recorde, inclusive, é palavra corriqueira no vocabulário de Karol.

Aos 39 anos, esta pernambucana radicada em Santa Catarina possui quatro recordes mundiais, dois continentais e 22 sul-americanos.

No mês passado, foi agraciada com o Troféu Icare de melhor mergulhadora do mundo, o mais importante do esporte, oferecido pelo Centro Internacional de Educação e Reconhecimento de Apnéia, de Lausanne, na Suíça.

Funcionária de um banco, Karol credita o prêmio a seu desempenho em uma competição em Porto Alegre, em junho do ano passado.

Lá, bateu três recordes: dois na modalidade dinâmica (maior percurso horizontal submerso) sem nadadeiras – com as marcas 87 m e 100 m – e outro na dinâmica com nadadeiras – com a marca 131 m. “Meu desempenho teve repercussão internacional porque não é fácil bater três recordes em uma única competição”, diz ela.

Para isso, além de paixão, é preciso técnica.

Por causa do mergulho e de suas práticas de aeróbica e ioga, Karol possui um volume pulmonar 30% maior do que o de uma pessoa com seu tamanho e idade.

Ou seja, é capaz de armazenar mais ar, suportando assim mais tempo submersa.

Paralelamente, ela faz uso da chamada técnica de carpa que consiste em, após a inspiração, colocar mais ar dentro do pulmão a partir de pequenas sucções.

Dessa forma, Karol consegue ampliar em mais 25% sua capacidade pulmonar.

Nas profundezas, é preciso entender os sinais do corpo para não “apagar” durante a prática do esporte. “Mergulhar é uma eterna negociação com a mente”, diz ela. “Quando há pouco oxigênio, fico mais irritada, com mais calor e os movimentos ficam mais lentos.

Outro indício são as contrações do diafragma”, diz ela. É preciso experiência para retornar à superfície em tempo.

Em uma competição recente, quando Karol ficou 6m17s debaixo d’água sem respirar, ela começou a sentir contrações no diafragma a partir do terceiro minuto. “Eram contrações mais espaçadas e fui até o final.

Aprendi a lidar com o stress e com a angústia de não ter ar e ver meu corpo pedindo.

O problema é quando as contrações ficam mais próximas”, explica.

Medo é uma constante quando Karol mergulha.

No ano passado, porém, ela chegou a flertar com a morte no mar das Bahamas.

A mergulhadora virou de costas e deu de cara com um tubarão distante apenas três metros. “Congelei e pensei que morreria”, conta.

Segundos depois, o animal foi embora.

Por que alguém quer conviver com tantos riscos? “Para estar sozinha, em um lugar lindo, onde poucas pessoas estiveram e em contato com a natureza”, resume Karol.