Da Folha de São Paulo O Palácio do Planalto avalia que a melhor solução para o caso da ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), que fez uso irregular de cartões corporativos, é a sua saída do governo.

Assessores do presidente Lula já até enviaram recados à ministra de que ela deveria colocar o cargo à disposição.

Segundo a Folha apurou, Lula deve tomar uma decisão sobre o destino da ministra hoje.

Ele não quer prolongar a situação e deseja evitar mais desgastes para o governo.

Ontem, Matilde foi convocada a dar explicações para um grupo de cinco ministros no Planalto.

A reunião, realizada por determinação do presidente, ocorreu na Casa Civil.

Questionada sobre sua situação depois da reunião, a assessoria da ministra divulgou a seguinte nota ontem à noite: “A ministra Matilde Ribeiro colocou-se à disposição para prestar informações aos órgãos competentes, apurar e corrigir possíveis falhas no uso do cartão de pagamentos do governo federal.

E dará continuidade ao trabalho iniciado em 2003, quando da criação da Seppir”.

Durante o encontro, a ministra foi informada de que, na avaliação do governo, sua situação é “ruim e grave”.

Apesar de considerarem não ter havido má-fé de sua parte, os ministros disseram que ela não tem como “alegar publicamente que não sabia das regras nem podia ter feito o que fez”.

Um dos ministros sugeriu indiretamente que sua saída do governo era a melhor opção sob o argumento de que o caso não teria tanta repercussão se ela não fosse ministra.

Em seguida, Matilde foi alertada que, apesar de não serem “gravíssimos”, seus atos foram irregulares e ela acabará sendo convocada para falar no Senado.

Para o governo, seria retomar a agenda legislativa com um fato negativo e colocar o Planalto na defensiva.

A reunião foi chefiada pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e contou também com Franklin Martins (Comunicação), José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), Jorge Hage (CGU) e Paulo Bernardo (Planejamento).

Matilde disse ter sido informada por sua equipe que não havia ilegalidade no uso dos cartões.

Repetiu que o único caso que considerava irregular é o pagamento em um free shop (R$ 461,16) e que o valor foi devolvido.

Em nenhum momento ela indicou ter se abatido com a pressão.

Matilde foi cobrada por dois outros tipos de gastos com o cartão corporativo, nos quais a CGU (Controladoria Geral da União) já detectou irregularidades: o aluguel de carros e o pagamento de restaurante.

No primeiro caso, foi dito a Matilde que ela deveria ter feito uma licitação para escolher quem deveria oferecer o serviço.

Foi considerado elevado o gasto de mais de R$ 110 mil no período de um ano (dezembro de 2006 a novembro de 2007).

Sobre pagamento de restaurante, a ministra foi lembrada de que ela só pode custear as suas despesas.

Matilde admitiu ter o usado o cartão para pagar refeições de outras pessoas.

Em um ano, ela gastou com restaurante mais de R$ 5.000.

Se for comprovada irregularidade, os ministros disseram que ela deve ser obrigada a devolver o dinheiro, o que acontecerá também com o ministro Altemir Gregolin (Pesca).

Ele pagou ao menos um almoço para uma comitiva chinesa numa churrascaria de Brasília.

O caso do ministro Gregolin não é considerado tão grave pelo Planalto como o de Matilde.

Ontem, em evento em São Paulo, Lula disse que não comentaria o caso.