Por Isaltino Nascimento É preocupante o resultado de levantamento preliminar divulgado recentemente pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) sobre casos de violência contra índios no Brasil em 2007.
A entidade mostra que pelo menos 76 índios foram assassinados no ano passado.
Este número supera em 60% os casos ocorridos em 2006 e é um dos mais altos registrados pela organização desde que começou a produzir relatórios sobre ocorrências de violência, há quase 30 anos.
Mais preocupante ainda é constatar que Pernambuco ficou em segundo no ranking de assassinatos de índios, com oito mortes nos últimos 12 meses.
Uma posição nada honrosa para qualquer um dos Estados da Federação.
Mato Grosso lidera a lista, com 48 índios mortos.
Mesmo ainda estando em fase de finalização, o documento preparado pelo Cimi aponta que a maior parte dos assassinatos é decorrente de conflitos entre os próprios índios.
Tudo em conseqüência da disputa de terras, fazendo com que a maioria destas populações viva num permanente clima de tensão, na maioria das vezes alimentadas por não-índios.
E toda essa problemática, denunciada ano após ano, advém da ausência de uma ação governamental que assegure efetivamente os direitos dos povos indígenas.
O que aumenta ainda mais os desafios de um povo que vem sendo espoliado há mais de 500 anos.
A situação dos índios em Pernambuco não difere da vivenciada por outras comunidades Brasil afora.
Eles sofrem com a falta de políticas públicas eficazes, ou seja, construídas com eles próprios, com ações articuladas e integradas, como seria o ideal.
Também enfrentam problemas como o alcoolismo, a desestruturação da sua economia, além de serem alvos constantes da ganância daqueles que querem explorar e avançar em seus territórios.
E isso resulta em conflitos, agressões, e mortes, como o relatório do Cimi demonstra.
Por conta disso, todos nós que lutamos em prol da causa indígena temos que estar vigilantes.
Nosso grande desafio como apoiadores desta luta é demonstrar à sociedade a importância da convivência repeituosa com estes povos.
E trabalhar pela revalorização da identidade indígena de forma a se sobrepor aos contínuos casos de preconceito e à violência praticada por aqueles que estão apenas interessados por suas terras.
Mesmo diante de um quadro tão grave e chocante, não perdemos o ânimo de seguir ao lado dos índios.
Afinal, a eles não faltam capacidade e disposição de luta e resistência, alimentada na sabedoria secular e no espírito de seus guerreiros e heróis.
PS: Isaltino Nascimento (www.isaltinopt.com.br), deputado estadual pelo PT e líder do governo na Assembléia Legislativa, escreve para o Blog todas às terças-feiras.