Brasília - O empresário da indústria prevê a manutenção, em 2008, do ritmo de crescimento verificado no final do ano passado. É o que indica a pesquisa Sondagem Industrial, divulgada nesta terça-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Brasília. “O ano se inicia com o mesmo otimismo do final de 2007, que teve vendas muito boas.
A demanda no mercado interno deve continuar aquecida, segundo as previsões dos industriais, mantendo o ritmo de crescimento”, afirmou o economista Flávio Castelo Branco, gerente de Política Econômica da CNI.
Para ele, os reflexos da crise norte-americana, ainda de intensidade indefinida, vão demorar a chegar ao mercado brasileiro. “O consumidor comum não é afetado por bolsa de valores.
Enquanto o emprego estiver crescendo, a massa salarial também e houver crédito, o consumo deve continuar”, disse.
O indicador de expectativa da demanda para os próximos seis meses se manteve em 59,4 pontos, o mesmo verificado em outubro do ano passado.
Por porte de empresas, as mais otimistas são as grandes, entre as quais o indicador de expectativa de demanda ficou em 61 pontos.
Segundo a metodologia da pesquisa, valores acima de 50 pontos indicam otimismo do empresário.
Castelo Branco lembrou que as respostas que compõem a pesquisa foram recebidas pela CNI entre os dias 2 e 22 deste mês, portanto não são ainda influenciadas pelo agravamento da crise norte-americana. “No entanto, os empresários já tinham pleno conhecimento de que havia uma crise nos Estados Unidos, conheciam os problemas das hipotecas.
O que eles ainda não tinham visto eram os desdobramentos no mercado financeiro”, avaliou.
Na Sondagem Industrial, os empresários demonstram que a contratação de empregados continuará, no primeiro semestre deste ano, na mesma intensidade percebida no final do ano passado.
Em janeiro o indicador de expectativas ficou em 53 pontos, igual ao de outubro de 2007.
As grandes empresas são as que prevêem maior nível de contratação no primeiro semestre: o indicador ficou em 53,7 pontos, ante 53,4 pontos de outubro de 2007.
As expectativas sobre as exportações continuam em baixa.
Segundo Flávio Castelo Branco, os empresários se mostram reticentes quanto à competitividade de exportar com o real valorizado frente ao dólar. “Com o câmbio desfavorável, a competitividade diminui.
Tem empresa parando de exportar”, afirmou.
O indicador de expectativa de exportação nos próximos seis meses melhorou dentro da margem de erro entre outubro e janeiro, tendo passado de 48,3 pontos para 48,5 pontos.
Porém, continua o pessimismo.
A expectativa vem caindo fortemente desde janeiro do ano passado entre as empresas de médio porte.
Há um ano, o indicador foi de 51,5 pontos, passou a 47 pontos em outubro de 2007 e caiu para 45,6 pontos na Sondagem Industrial divulgada hoje.