Da Agência Estado Rio de Janeiro – O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, criticou a postura da Arquidiocese de Olinda e do Recife, que ameaça entrar na Justiça para proibir a distribuição de anticoncepcionais de emergência, conhecidos como pílulas do dia seguinte, pela prefeitura da capital pernambucana. “A prefeitura está certa e a Igreja está equivocada”, afirmou o ministro, em entrevista após o lançamento da campanha de prevenção à Aids, que vai distribuir quase 20 milhões de preservativos durante o Carnaval. “É uma questão de saúde pública, não uma questão religiosa.
Lamentavelmente a Igreja, cada vez mais, se afasta dos jovens com esse tipo de postura”, afirmou Temporão.
Segundo o projeto da Prefeitura de Recife, as pílulas serão entregues às mulheres que declararem, a médicos de plantão, que tiveram relações sexuais e que suspeitam de falhas nos métodos contraceptivos normais.
A Arquidiocese de Olinda e do Recife classificou a proposta como “aberração”. “O Ministério da Saúde apoia e suporta a medida”, reforçou o ministro.
A assessoria do arcebispo de Olinda e do Recife, dom José Cardoso, informou que o religioso só vai se pronunciar sobre as declarações do ministro hoje.
Este ano, o programa de prevenção à Aids terá foco em mulheres com idades entre 13 e 24 anos, grupo que é hoje mais suscetível às doenças sexualmente transmissíveis, segundo avaliação do ministério.
Segundo Temporão, pesquisa recente detectou que 80% dos homens nessa faixa etária declararam usar preservativo.
Já no caso das mulheres, apenas 40% disseram exigir que o parceiro use camisinha.
A campanha é estrelada pela rapper Negra Li.
Temporão disse não concordar com pesquisa divulgada esta semana pela Universidade Federal Fluminense, que põe em dúvida a eficácia de uma campanha restrita ao período do Carnaval. “Essa campanha é quase um paradigma, é um momento de conscientização, com importante papel pedagógico”, opinou.
Segundo ele, há hoje cerca de 600 mil pessoas infectadas com o vírus HIV no País.