Jogo dos Erros Por Carlos Eduardo Santos e Diogo Menezes, da equipe do PEbodycount Ontem, em entrevista ao Programa Diálogo, da TV Pernambuco, o gerente de comunicação da SDS, Joaquim Neto, voltou a afirmar que o que está ocorrendo entre o Ciods e a imprensa não se trata de censura.

Segundo ele, é apenas centralização de dados.

Neto disse, ainda, que a imprensa atrapalha, já que tira a atenção dos atendentes do Ciods, ocupando linhas telefônicas que seriam usadas para atender a população.Esse é o quarto equívoco que Neto comete em menos de uma semana.

Erros acontecem, mas o ideal é que, pelo menos, um assessor conheça o mínimo sobre o trabalho que exerce.

Algumas considerações sobre o jogo dos quatro erros protagonizados pelo assessor devem ser feitas: 1º erro – Na última sexta-feira, questionado se havia homicídios em andamento, Neto sugeriu que o repórter pegasse o carro e fizesse como ele em tempos de jornal: percorresse delegacias de plantão para saber se elas tinham registrado algum homicídio.

Neto, há dois anos foi criada a Força-Tarefa do Núcleo da Delegacia de Homicídios.

A intenção é registrar os homicídios e realizar as primeiras investigações sobre o crime, desafogando o trabalho das delegacias de plantão.

Aliás, Neto, de que adianta ir às delegacias, se não há efetivo suficiente nesses locais?

No interior, por exemplo, muitos permanentes trabalham sozinhos e, para registrar um homicídio, precisam fechar a delegacia.

Assobiam e chupam cana.

Sabia disso, Neto? 2º erro – Jornalistas convivem com assessores de imprensa diariamente.

Nunca ouvi os jornalistas reclamarem de um assessor que diz não poder repassar informações à imprensa porque “largou às 18h”.

Dessa forma, o secretário de Defesa Social, Servilho Paiva, está bem assessorado… 3º erro - Na última segunda, o repórter João Valadares questionou o assessor Joaquim Neto sobre o número de homicídios durante o final de semana.

O assessor não titubeou: 26, segundo ele, número registrado pelo Ciods em todo o Estado.

Valadares ainda argumentou se o número não se referia apenas à Região Metropolitana do Recife (RMR), mas Neto, acima do bem e do mal, disse que o Ciods registra homicídios em todo o Estado.

Neto, o Ciods só registra homicídios na RMR, e não em todo Estado.

A partir de Vitória de Santo Antão, o homicídio é registrado pela delegacia local.

Sabia disso, Neto?

Se não sabia, era só perguntar aos próprios atendentes do Ciods. 4º erro – “os jornalistas estão ocupando linhas do Ciods que poderiam ser usadas para atender a população”.

Neto, o número de telefone que os jornalistas usam para se comunicar com o Ciods não é o mesmo usado pela população, até porque a população não tem contato direto com atendentes do Ciods.

Quando o povo precisa entrar em contato com a polícia, liga para o 190 da PM.

Os atendentes do 190 repassam a ocorrência, por computador (e não pelo telefone, Joaquim Neto), para os atendentes do Ciods, que acionam Instituto de Criminalística e IML.

Os telefones do Ciods não são usados para atender ocorrências da população, como disse Neto no programa Diálogo.

Fica claro que a intenção da SDS é de dificultar que os meios de comunicação tenham acesso aos locais de homicídio, pois, com a lei da mordaça, a pessoa que deveria saber das informações para repassar a imprensa (Joaquim Neto), constantemente diz que “não sabe”, que “não está na assessoria”, ou que “largou às 18h”.

Censura não é proibir de vez.

Dificultar o trabalho da imprensa também é um tipo de censura. É aquela coisa: quem sabe se a imprensa não for aos locais de homicídios e não mostre os casos de violência à população, fique mais fácil de atingir a meta de reduzir em 12% o número de mortes letais intencionais no Estado de Pernambuco.