O defensor público José Antônio Fonseca de Melo, nomeado esta semana para atuar na defesa dos irmãos kombeiros Marcelo e Valfrido Lira, acusados das mortes das adolescentes Tarsila Gusmão e Maria Eduarda Dourado, lamentou o pouco tempo que terá para analisar os 34 volumes do processo antes do primeiro interrogatório dos réus, marcado para a próxima segunda-feira (28), a partir das 8h30, no Fórum de Ipojuca.
Melo destacou que os promotores Ricardo Lapenda e Salomão Abdo Aziz Filho, do Ministério Público do Estado (MPPE), tiveram mais de 15 dias para formular a denúncia contra os kombeiros, enquanto ele terá menos de uma semana para analisar os 34 volumes.
Em entrevista ao Blog na noite dessa terça (22), por volta das 21h, o defensor contou que estava lendo o quarto volume dos autos.
Ele acha que até mesmo as mais de duas semanas de que dispuseram os promotores do MPPE para ler a montanha de papéis representam um tempo curto para analisar toda a documentação. “É praticamente impossível que uma pessoa tenha tido a possibilidade de fazer a análise do processo com o detalhamento necessário, em tão pouco tempo”, disse, referindo-se aos promotores Lapenda e Aziz. “Tudo me leva a crer que a denúncia (encaminhada à Justiça pelos dois promotores do MPPE) tomou como base, unicamente, o inquérito conduzido pelo doutor Paulo Jean”, afirmou.
O delegado da Polícia Civil Paulo Jean presidiu o último dos inquéritos relativos ao caso.
Ao longo dos últimos cinco anos, desde a morte das adolescentes em 2003, o processo foi devolvido por quatro vezes à Polícia pelo promotor do MPPE Miguel Sales, afastado do caso esta semana por determinação do procurador-geral de Justiça do Estado, Paulo Varejão. “Em nenhum lugar do mundo, se esses dois rapazes (Marcelo e Valfrido) forem a júri popular, serão condenados”, destacou José Antônio Fonseca de Melo, que é lotado há 18 anos na 2a Vara do Júri da Capital e vai trabalhar no processo em conjunto com o defensor público José Francisco Nunes.
Melo deve entrar com habeas corpus em defesa de Marcelo e Valfrido Lira na próxima semana, após o interrogatório, para revogar a prisão prevetiva dos irmãos.