O Brasil tem 11,5 milhões de crianças que vivem em famílias com renda mensal per capita inferior a meio salário mínimo.
Dessas, mais da metade é negra e 4,7 milhões são de famílias beneficiadas pelo Bolsa-Família.
Os números foram anunciados no relatório Situação Mundial da Infância 2008, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado pela Agência Brasil.
Há no País 20,6 milhões de crianças com idade até 6 anos, o que equivale a 11% da população.
Trata-se da maior população das Américas nessa faixa etária.
AInda de acordo com o Unicef, o Brasil avançou em vários indicadores com relação à infância.
A mortalidade infantil caiu, assim como o índice de desnutrição.
Em 1990 a mortalidade entre crianças de até um ano de idade era de 46,9 para cada mil.
Em 2006, este índice caiu para 24,9.
No mesmo período, a redução de mortalidade entre crianças até cinco anos de idade foi de cerca de 50%.
Pela primeira vez desde 1999, nenhum estado brasileiro apresentou Índice de Desenvolvimento Infantil (IDI) abaixo de 0,500, que o Unicef considera baixo.
Em 1999, sete estados tinham IDI baixo.
Naquele ano, nenhum estado tinha IDI elevado (acima de 0,800).
Em 2006, São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro registraram índice acima de 0,800.
Os menores IDIs estão no Nordeste (0,647) e Norte ( 0,655) do país O relatório revela, no entanto, os números da exclusão no Brasil: as crianças pobres têm duas vezes mais chances de morrer do que as ricas.
A taxa de mortalidade também é maior entre a população indígena (48,5 para cada mil nascidos vivos) e entre filhos de mães negras – 27,9 por mil, 37% acima do que entre filhos de mães brancas.
Por estados, os maiores índices estão em Alagoas, Maranhão, Pernambuco e Paraíba.
A menor taxa de mortalidade é registrada nos estados do Sul e Sudeste: Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina.
O Unicef cita dados do Ministério da Saúde que indicam que nos últimos cinco anos caiu mais de 60% o número de crianças desnutridas com até um ano de idade.
Restam, no país, 60 mil crianças abaixo do peso nessa faixa etária.
Na faixa até dois anos, a redução foi de 72,4% - apenas 3,5% das crianças estão abaixo do peso.Ainda assim, no Nordeste o número é quatro vezes maior do que na Região Sul.
O pior índice está em Alagoas, onde a desnutrição atinge 7% dos meninos e meninas com menos de dois anos de idade.
O Distrito Federal tem o melhor resultado – apenas 0,7% de crianças são desnutridas nessa idade.
Na área de educação, apenas 15,5% dos 11,26 milhões de meninos e meninas com menos de três anos freqüentam creches.
Embora muito baixo, o índice é melhor do que os 10,7% registrados em 2001.
Na faixa entre quatro e seis anos de idade, 76% de um total de 9,39 milhões de crianças estão matriculados na pré-escola – acima dos 65,6% de 2001.