Por Isaltino Nascimento Na próxima quinta-feira (24) comemora-se o Dia do Aposentado, estipulado no ano de 1923 quando da assinatura da Lei Eloy Chaves, que criou a caixa de aposentadoria e pensões para os empregados das empresas privadas de estradas de ferro.
O ato foi o marco histórico da Previdência Social, que até aquela época atendia somente os funcionários do Governo federal.
De lá para cá, a população brasileira aumentou e envelheceu, como se tem observado nos últimos levantamentos demográficos.
E os problemas desta população - nem todos aposentados e muitos padecendo de muitas mazelas - também cresceram.
Principalmente em função de grande parte dos gestores do País não ter se apercebido da inversão da pirâmide populacional e muito menos em direcionar políticas públicas aos idosos.
Por isto, nesta data, mais que comemorações, cabem reflexões sobre a situação da população idosa brasileira, carente de atenção e cuidados, e acerca de como vivem os que já chegaram à aposentadoria.
Não apenas gestores, mas toda sociedade deve voltar os olhares para este público.
Primeiro, entendendo que envelhecer é o processo natural da vida.
Nascemos, passamos pela infância, adolescência, juventude, maturidade e envelhecemos.
E exatamente por isso devemos ter em mente o respeito a quem dedicou seus esforços pela manutenção da família e contribuiu para o desenvolvimento social e econômico do nosso País.
Pode parecer óbvio, mas é de extrema relevância o respeito aos idosos, seja em filas, no ônibus ou dentro de casa.
Isso garante que eles não sejam estigmatizados, humilhados ou vítimas de violência.
O que é mais comum do que muitos imaginam.
Devemos também refletir sobre os direitos dos idosos.
Ser aposentado ou pensionista muitas vezes não garante que tenham condições de vida digna, respeito e reconhecimento.
Por isso, é preciso pensar no fortalecimento da Previdência Social, mas também na aplicação do Estatuto do Idoso e, repito, na adoção de políticas públicas voltadas para os idosos.
Estudos mostram que dez milhões de aposentados permanecem no mercado de trabalho brasileiro para aumentar a renda familiar.
E quando não conseguem ficar no próprio emprego aceitam postos de trabalho com menor remuneração.
Ou seja, adiam o merecido descanso para não padecer sem dinheiro suficiente para bancar as despesas domésticas.
A situação é mais dramática para aqueles que dependem exclusivamente da Previdência.
Sem falar nos que caem no conto do crédito fácil e acabam comprometendo a renda com empréstimos descontados em folha.
Com relação ao Estatuto do Idoso, em vigor desde 2005, é preciso estar vigilante.
Um exemplo é a briga que acontece com relação à gratuidade das passagens interestaduais, conquista das pessoas com mais de 60 anos e renda mensal de até dois salários mínimos.
O Estatuto prevê o benefício, mas muitas empresas insistem na Justiça contra a lei, o que é inaceitável.
No que diz respeito às políticas públicas, somos responsáveis por cobrá-las dos gestores, seja na esfera municipal, estadual ou federal.
Fechando os olhos para a questão estaremos dando as costas para o nosso próprio futuro.
Valorizando agora esse bem precioso, teremos condições de sonhar com um amanhã melhor.
PS: Isaltino Nascimento (www.isaltinopt.com.br), deputado estadual pelo PT e líder do governo na Assembléia Legislativa, escreve para o Blog todas às terças-feiras.