Do UOL Dos bairros de alta classe média da zona sul aos empobrecidos bairros da zona norte, ganha corpo o movimento no Rio de Janeiro de boicote ao pagamento do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) em protesto contra a gestão do prefeito Cesar Maia (DEM).

Cerca de 200 pessoas fizeram manifestação pública e caminhada na orla do Leblon (um dos bairros mais sofisticados), ontem, em mais um evento da campanha.

Camisetas com os dizeres –“IPTU.

Não pago.

E daí?”, foram distribuídas.

Moradores de Vila Isabel –tradicional bairro da zona norte onde viveu Noel Rosa– aprovaram o boicote em plebiscito, organizado pela associação dos moradores, no sábado.

No próximo final de semana, haverá votação no Grajaú, bairro vizinho de Vila Isabel.

O movimento começou na zona sul, em dezembro, numa reunião entre dirigentes de associações de moradores da Fonte da Saudade, Alto Leblon e Lagoa, que propuseram só pagar o IPTU em juízo, em protesto pela falta de providência das autoridades diante do avanço das favelas na região.

Com a adesão de mais associações, surgiu a proposta de só pagar o imposto em novembro, depois de passada a eleição, para que a receita não seja usada em obras eleitoreiras.

Segundo a prefeitura, a arrecadação de IPTU no ano passado foi de R$ 1,086 bilhão e correspondeu a 12% do orçamento do município (R$ 9 bilhões).

O cálculo de arrecadação para este ano, antes do movimento pelo boicote, é de R$ 1,4 bilhão. “O boicote é um protesto contra as ruas esburacadas, a iluminação pública deficiente, a ocupação das calçadas por camelôs, bares e mendigos e, principalmente, contra a falta de segurança pública”, diz o presidente da Associação dos Proprietários de Prédios do Leblon, Augusto Boisson. À insatisfação da classe média alta, somou-se a indignação de moradores de imóveis populares por causa de um decreto assinado em novembro pelo prefeito César Maia, que reduziu o desconto do imposto para esse tipo de imóveis.

O resultado foi o encarecimento de até 300% do IPTU para 100 mil imóveis.

Diante dos protestos, e da ameaça de vereadores de rejeitar a medida, o prefeito anunciou no sábado o cancelamento do decreto.

O prefeito Cesar Maia, em e-mail enviado à Folha, disse que os manifestantes são de oposição e que “é natural que num ano eleitoral façam as suas críticas”.

Maia disse não acreditar que o movimento o afete politicamente, nem ao DEM, na próxima eleição.