Da Agência Brasil Ao encerrar na sexta (18) sua visita de quatro dias à Amazônia, o ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, destacou a importância de transformar em ações concretas as intenções esboçadas em seu projeto de desenvolvimento econômico sustentável para a região.

Acompanhado por uma comitiva de secretários ministeriais, cientistas e representantes de órgãos do governo, além do ministro da Cultura, Gilberto Gil, que participou dos dois últimos dias da viagem, Mangabeira recolheu todo tipo de reivindicações e queixas locais, mas não explicou em nenhum momento como poderão ser incorporadas às propostas que já trazia no início da viagem.

Na entrevista que concedeu à Agência Brasil durante o retorno a Brasília, Mangabeira negou a autoria de algumas propostas polêmicas como a construção de um aqueduto para transportar água da Amazônia para o semi-árido brasileiro.

ABr - A viagem ao Amazonas e Pará acabou ganhando um amplo destaque por conta da controvérsia em torno de uma suposta declaração sobre a construção de um aqueduto para transportar água da região para o semi-árido nordestino.

Qual foi sua real proposta?

Mangabeira - Eu não fiz essa proposta de construir um aqueduto.

Agora, as falsas controvérsias precisam ser aproveitadas como oportunidades de esclarecimento.

Além do que, é preciso distinguir o periférico do central.

No projeto, a questão central é o zoneamento econômico ecológico da Amazônia baseado na solução das questões fundiárias e na definição de estratégias econômicas distintas para as diferentes partes da região.

ABr: Mas em seu texto, o senhor trata da indisponibilidade de água em um local enquanto na Amazônia o recurso “potencialmente aproveitável” estaria sobrando.

E embora coloque que seriam necessárias novas maneiras de conceber e de construir aquedutos para transportar o líquido de onde tem para onde falta, defende que é necessário olhar para além das tecnologias já existentes.

Mangabeira - Ao discutirmos a questão da água, que ocupa um lugar subsidiário no texto que divulguei, eu disse que temos de resolver o paradoxo de que na região que concentra 20% de toda a água doce do planeta, falta água confiável para os habitantes.

Temos de resolver esse problema com tecnologias já disponíveis.

Só depois, em uma outra etapa, usar tecnologia ainda a desenvolver para que a Amazônia possa participar da solução dos problemas da água no semi-árido brasileiro.

ABr: Então o senhor não afastaria a hipótese de construção de um aqueduto?

Mangabeira - Não é eficiente transportar água de uma região para a outra com as tecnologias hoje existentes.

Teríamos de desenvolver outras tecnologias.

Volto a insistir, vamos distinguir o que é central do que é secundário.

Porque conversar sobre isso se há um tema muito mais importante, que é a tecnologia florestal?

Um dos grandes temas discutidos é a organização prática do uso controlado e sustentado da floresta.

Precisamos desenvolver uma tecnologia apropriada para nossas florestas e dar forma jurídica para a gestão comunitária das florestas.

Só assim teremos alternativas ao controle estatal das florestas de um lado, e a entrega às grandes empresas de outro.

PS: o deputado federal Roberto Magalhães (DEM) já tinha até declarado apoio e se disposto a trabalhar na Câmara Federal pela proposta de transposição atribuída a Mangabeira Unger e agora negada por ele.