Por Gilvan Oliveira Da editoria de Política do JC Cercada de expectativa, a reunião entre líderes do PT para tratar da sucessão municipal no Recife, ontem (sexta, 18), nada definiu.
Os dois principais caciques do partido – o prefeito João Paulo e o secretário estadual das Cidades, Humberto Costa – adiaram a decisão de como será o processo de escolha do candidato majoritário do partido: se buscarão consenso em torno de um nome ou se vão às prévias.
Segundo eles, não seria “prudente” tomar decisões “em um momento de muita tensão”.
Resolveram marcar um novo encontro só entre os dois, neste sábado, sem local nem hora informados, para tentarem um entendimento.
E prometeram divulgar na segunda-feira o resultado do que decidirem. “Estamos vivendo uma temperatura muito elevada nesse processo e tomar decisões num clima de muita tensão muitas vezes pode precipitar alguns processos que talvez não sejam os melhores”, argumentou Humberto, falando também em nome de João Paulo.
O prefeito acatou o pedido de Humberto de analisar uma proposta da Unidade na Luta (UL), corrente interna liderada pelo secretário, sobre a escolha do candidato antes de decidir pelas prévias. “Eles querem me apresentar uma proposta.
Eu tenho que conhecê-la e vou analisá-la.
Em momento nenhum fui fechado a qualquer posição.
Sempre achei que as prévias deixam seqüelas significativas para a disputa política.
Agora, para não realizar prévias, vamos ter que encontrar um caminho que possa dar unidade ao partido.
Se tem essa proposta não vejo porque não segui-la.
Vou conhecê-la primeiro para me posicionar”, justificou João Paulo.
Humberto disse que não revelaria à imprensa os pontos da proposta antes de mostrá-la ao prefeito.
João Paulo e Humberto reforçaram que a realização das prévias não é o melhor caminho para o partido.
O prefeito frisou que na maioria das vezes que o PT realizou primárias, teve um resultado negativo na disputa eleitoral.
E afirmaram que, caso não convirjam para um nome, pretendem sair deste encontro com os critérios definidos para a realização da consulta aos filiados.
Segundo Humberto, como o clima está muito acirrado no partido, a melhor solução para esfriar os ânimos é os dois conversarem sozinhos numa segunda reunião.
No encontro de ontem, que durou apenas 15 minutos, também estiveram presentes os três pré-candidatos da legenda – o secretário de Planejamento Participativo do Recife, João da Costa (CEU), e os deputados federais Maurício Rands e Pedro Eugênio (ambos da UL) – o recém-eleito presidente estadual do PT, Jorge Perez, e a presidente do diretório do partido no Recife, Karla Menezes.
Humberto afirmou que será uma conversa “franca”, deixando claro que haverá uma grande “lavagem de roupa suja”.
Mas evitou adiantar o que pretende falar ao prefeito. “João Paulo e eu, apesar desse clima que se cria de briga, temos maturidade política suficiente para poder ouvir e dizer coisas que talvez não sejam tão simples de dizer em um grupo maior.
Eu, pelo menos, estou preparado para ouvir coisas que eu já ouvi, como João também está preparado para ouvir outras.
Só quando a gente tiver essa conversa franca nós vamos resolver esse problema”, disse.