De O Dia on Line No primeiro ensaio da Mangueira, na madrugada do último domingo (13), depois de semana conturbada, a quadra ficou mais vazia que o habitual.

E sem a presença de artistas.

O clima entre os componentes foi de indignação e consternação contra a acusação da polícia de que a quadra da escola era palco de negociação de compra e venda de drogas.

A presidente da escola, Eli Gonçalves, a Chininha, recebeu apoio e homenagens.

Do lado de fora, traficantes agiam livremente, circulando com fuzis perto da entrada da quadra.

Por volta de 2h, um dos puxadores fez discurso inflamado. “A Mangueira não morreu nem morrerá.

Querem nos prejudicar, falam muita coisa, mas a Estação Primeira está aí, doa a quem doer”, gritou ao microfone um dos integrantes.

Em seguida, o samba-enredo de 2008 foi cantado à exaustão.

Alguns presentes à quadra trocavam a letra do refrão que diz ‘é frevo’ por ‘é fervo’.

Pouco antes, Chininha recebeu placa em homenagem ao seu mandato à frente da escola.

Com a bateria em silêncio, ela recebeu buquê de flores e apoio. “O momento é difícil, é de pressão, mas tudo vai passar”, disse um dos diretores da escola.

O clima na quadra era tranqüilo, mas artistas e famosos não foram ao ensaio.

Durante a tarde de sábado, a feijoada teve público muito abaixo dos outros eventos que acontecem todo segundo sábado do mês. À noite, perto da localidade conhecida como Buraco Quente, as bocas-de-fumo funcionavam a pleno vapor.

Ali, o grito de guerra vinha dos traficantes.

Um deles, armado com fuzil, e oferecendo papelotes de cocaína, gritava: “Pode chegar que ‘tá’ tranqüilo. É só lazer”.