Por Nelson Motta Em Salvador Talvez por sua origem gutemberguiana, a indústria do livro está demorando a descobrir e a usar os recursos digitais que estão à sua disposição.

E que são o complemento ideal para vários gêneros literários.

Melhor do que ler uma boa biografia, é ler a história de um Picasso – e ver num site todos os seus quadros, esculturas e fotos de seus modelos e cenários.

Se tudo isso fosse impresso, seria inacessível, em volume e preço.

Com o site, é acessível e grátis para todos, um complemento da edição impressa.

Como fazem as revistas e jornais.

Melhor do que ler a biografia de um Cole Porter é também ouvir as suas músicas, ver suas fotos e vídeos.

Ou a vida de Orson Welles, com seus roteiros e trechos de seus filmes.

Melhor ainda para os livros de História – com seus documentos, mapas, quadros, links para sites específicos: os extras do livro.

Nunca mais os livros de História serão os mesmos.

Porque esta é a linguagem e a expectativa das novas gerações, alfabetizadas digitais, habituadas a encontrar com um clic as palavras, sons e imagens que procuram.

Ao contrário da música, que passou por vários formatos e suportes, do gramofone ao CD e ao “pen drive”, os bons e velhos livros não mudaram muito nos últimos séculos, apenas se desenvolveram nos processos de impressão e tiveram inovações discretas nas artes gráficas.

O resto, que é quase tudo - palavras no papel - continua como sempre.

Como no jogo do bicho, continua valendo o escrito.

O livro continuará com cheiro de livro, com a textura do papel, poderá ser lido em qualquer lugar, sem precisar de tomada nem de bateria.

O livro de papel não vai acabar tão cedo.

Mas terá na internet o seu melhor complemento.