Faturamento de tráfico é maior em dias de ensaio RIO – A quadrilha chefiada pelo traficante Francisco Paulo Testas Monteiro, Tuchinha, movimenta semanalmente R$ 1 milhão com a venda de drogas no morro da Mangueira e 60% desse valor são arrecadados nos fins de semana, quando ocorrem ensaios da escola, que reúnem até cinco mil pessoas por noite.
A estimativa consta de investigações da Polícia Civil, que mapeou 20 pontos de venda espalhados no morro.
Ontem, a presidente da agremiação, Eli Gonçalves, Chininha, e o ex-presidente de bateria Ivo Meirelles foram intimados a depor na 17ª DP (São Cristóvão).
O delegado Márcio Caldas quer esclarecer a suposta influência do tráfico na Mangueira.
Chininha e Meirelles serão ouvidos dia 16.
A polícia quer esclarecer se Tuchinha usava a quadra da escola como uma espécie de “escritório” do bando.
Interceptações de conversas telefônicas revelam que o traficante – um dos autores do samba-enredo da Mangueira para este ano, em homenagem aos 100 anos do frevo – continuava a comandar o tráfico no morro.
Nas escutas, Tuchinha marca encontros para a venda de drogas na quadra.
Para Márcio Caldas, os depoimentos de Chininha e Meirelles permitirão que a polícia descubra o poder de Tuchinha na escola e se de fato ele usava um acesso exclusivo, para entrar no camarote da bateriasem passar pela frente da quadra, onde há um posto da PM.
Meirelles afirmou ontem, em entrevista coletiva, que a suposta passagem dá, na verdade, na casa de um zelador.
Segundo ele, o imóvel foi comprado de moradores incomodados com o barulho e passava por obras para abrigar o funcionário, que ficaria responsável pela manutenção do camarote dele: “Se aquilo era uma passagem secreta, era secreta também para mim.
Nunca ninguém usou aquilo a não ser eu, os pedreiros da obra e o caseiro”.
Meirelles alegou que todo o dinheiro para as obras do camarote, a compra e a reforma da casa veio de colaborações de um grupo chamado Amigos da bateria.
A comenda foi criada pelo músico em 2006: por uma contribuição anual de R$ 1.500, ganha-se uma carteirinha que dá acesso ao camarote vip. “Tinha mais de R$ 20 mil de receita só de alguns nomes.
A contribuição mínima era de R$ 1.500, mas era possível dar mais”, disse.
Responsável pelo principal patrocínio do desfile da Mangueira este ano, que tem o tema Cem anos de frevo, Recife mandou me chamar, a Prefeitura de Recife preferiu ontem manter silêncio sobre o caso.
O contrato de co-patrocínio para o desfile foi fechado ano passado, numa solenidade no popular Clube das Pás – em Campo Grande, no Recife –, onde o prefeito João Paulo (PT) se comprometeu a repassar R$ 3 milhões à escola.
O acordo foi para o dinheiro ser pago em dez meses.
Da editoria de Brasil do JC