Numa estocada dupla, daquela que derruba dois coelhos com uma cajadada só, Jayme Asfora defendeu que a diretoria anterior da OAB, de Júlio Oliveira, é que não era democrática, por não levar a decisão sobre os critérios da escolha dos candidatos a desembargador para o conselho da ordem, como vai fazer, restringindo apenas à diretoria, com cinco membros, como fazia Oliveira. “A atual diretoria não vai ter nenhum candidato.
Nem parente nem sócio”, anuncia, com uma certa dose de ironia.
O último advogado a virar desembargador foi desembargador Francisco José dos Anjos Bandeira de Melo, justamente na gestão de Oliveira na OAB.
Os dois eram sócios no mesmo escritório. “A eleição pelo sistema do 5º constitucional até hoje foi um grande negócio, com atuação de advogados lobistas.
Vamos acabar com isto.
A compra de voto já foi uma coisa normal.
Queremos coibir o abuso de poder econõmico, que sempre foi flagrante”, atacou.
Para exemplificar que não houve muita divulgação para o pleito, Asfora comentou que, na época da última vaga aberta, em 2005, existiam 12 mil advogados em dia e somente 2 mil votaram. “Bandeirinha levou o cargo vitalício com pouco mais de mil votos.
Isto em um colégio de 10 mil votos”, afirmou. “Hoje, o colégio é até maior, são 26 mil advogados inscritos na OAB.
O problema é que antes não havia o menor interesse em abrir o processo, em divulgar mais todo o processo para todos os advogados”.
O advogado Francisco Bandeira de Mello foi nomeado desembargador do TJPE, no final de julho de 2005, pelo governador e então candidato à reeleição José Mendonça Filho, derrotando Pedro Henrique Alves, preferido de Mendonça e de Jarbas Vasconcelos, mas cujo nome não chegou a constar da lista tríplice encaminhada à Mendonça Filho, em agosto.
Os advogados Jorge Neves e Edgar Moury Neto também faziam parte da lista tríplice.
Bandeira de Mello é como um afilhado para o senador Marco Maciel (PFL).
Seu pai é amigo pessoal e um dos principais assessores do pefelista.
O 37º desembargador do TJPE também era sócio do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Júlio Oliveira, com quem divide, há 16 anos, o escritório de Advocacia Oliveira e Bandeira.