De O Dia on Line Mistério e polêmica cercam a homenagem que a Mangueira quer fazer ao centenário de nascimento de Cartola durante o desfile.

Filho adotivo do compositor com Dona Zica, Ronaldo de Oliveira acusa Nilcemar Nogueira, neta da sambista, de criar dificuldade para que a agremiação use a imagem de Cartola. “Ela teria dito que entraria na Justiça se a escola a usasse sem autorização.

Recentemente, ela proibiu uma exposição sobre o centenário e cobrou para autorizá-la”, conta.

A escola fez seu primeiro ensaio com 3 mil componentes usando camisa com desenho do mestre, feito pelo cartunista Lan.

A estampa foi criada pelo artista para ser usada pelo Centro Cultural Cartola, dirigido por Nilcemar, como símbolo do centenário.

Teria ido parar na Mangueira, sem conhecimento do autor, através de um bloco que também celebraria aniversário do compositor.

Nos ensaios seguintes, a escola passou a usar a camisa sem a ilustração.

No barracão, a caricatura figura no desenho da alegoria.

O presidente do Conselho de Carnaval da Mangueira, Celso Rodrigues, diz que não vê problema para Nilcemar autorizar o uso da imagem no desfile. “Ela é integrante de ala e a mãe dela é baluarte”, diz.

DIREITOS AUTORAIS A presidente da Mangueira, Eli Gonçalves, a Chininha, garante que haverá homenagem.

Mas diz que a forma como será prestada ainda não foi definida.

Nilcemar nega que o problema seja a falta de autorização para uso de imagem do poeta.

Ela afirma que Mangueira e Viradouro têm passe livre. “As escolas foram autorizadas e não se cobrou nada por isso.

Mas não vou estragar a surpresa que a Mangueira quer fazer”, afirmou.

Por trás das acusações de Ronaldo contra Nilcemar há um processo judicial que envolve a disputa pelos direitos autorais do compositor. “Estou recebendo apenas 25%, quando deveria ter 75% da receita com a obra de Cartola.

Sou o único filho registrado dele e de Zica.

A Regina, mãe de Nilcemar, é filha apenas da Zica.

Só tem direito à metade do que era da mãe”, desabafa.

Nilcemar garante que testamentos de Zica e Cartola asseguram a ela uma fatia maior do bolo na herança: “Ele tem perdido a batalha na Justiça.

A herdeira não sou eu, mas a minha mãe.

Do Cartola recebi a oportunidade de me formar em três universidades e ser mestre em Gestão Cultural.

Não tenho culpa de desde os 14 anos cuidar desse legado”.