Até mesmo o fim da CPMF está sendo apontado pelo governo estadual como motivo para o aumento das passagens de ônibus no Grande Recife, em discussão nesta quinta (10), no Conselho Metropolitano de Transportes Urbanos (CMTU).

O raciocínio foi exposto pelo presidente da EMTU, Dilson Peixoto, ao Jornal do Commercio ontem (quarta, 9).

E na manhã desta quinta (10), no debate comandado por Geraldo Freire na Rádio Jornal, o secretário das Cidades Humberto Costa corroborou a tese.

A lógica, de acordo com Dílson e Humberto, é a seguinte.

O Governo do Estado teria segurado durante todo o ano de 2007 um reajuste nas passagens que já se fazia necessário.

Havia a esperança de que o governo federal lançasse o chamado “programa nacional de barateamento tarifário”, que canalizaria recursos para subsidiar as tarifas nos Estados.

O fim da CPMF e os cortes que o governo federal terá de fazer no orçamento para se ajustar a uma perda de arrecadação anual avaliada em cerca de R$ 40 bilhões, jogou por terra as discussões sobre o assunto.

E assim o Governo do Estado teve de correr atrás do prejuízo para que o sistema de transporte coletivo no Grande Recife não entrasse em colapso. “Nós passamos o ano (2007) segurando a situação, mesmo ciente das dificuldades enfrentadas pelo setor.

Fizemos isso na expectativa de que a União lançasse o programa.

Mas agora temos que fazer algo antes que o sistema se deteriore”, explicou Dílson Peixoto à repórter Roberta Soares, do Jornal do Commercio. “Nossa grande expectativa era o subsídio.

Com o fim da CPMF, as discussões foram encerradas e, na iminência do colapso, tivemos de agir”, disse o secretário Humberto Costa no debate desta quinta na Rádio Jornal.

TARIFAS A EMTU está propondo reajuste de 8,04%, baseado na correção do Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), de dezembro de 2005 a dezembro de 2007, período em que o sistema ficou sem reajuste. “Se tivéssemos optado por usar como base apenas a planilha de custos do sistema, o percentual de reajuste seria de 13,8%, prejudicando ainda mais os usuários de ônibus”, afirmou Dilson Peixoto.

Se os usuários acham muito, os empresários acham pouco. o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Setrans) defende um reajuste de 28,13% para, segundo seus cálculos, equilibrar o sistema depois de dois anos sem aumento. “É desse percentual que o sistema precisa.

Só ele atenderá às necessidades do setor para recuperarmos a qualidade do serviço perdida desde 2005, quando houve o último aumento”, defendeu o diretor-executivo do Setrans, Alberto Almeida.

Segundo o diretor, o índice de reajuste proposto se assemelha ao adotado por outros setores. “Muita gente pode achar que é muito, mas ele está equiparado ao aumento dado a outros serviços, como energia elétrica, que subiu 36,08% entre dezembro de 2005 e dezembro de 2007, ou água, que teve uma elevação de 26,27% no mesmo período”, argumentou.

DEFINIÇÃO A reunião do Conselho Metropolitano de Transportes Urbanos (CMTU) para definir o reajuste foi interrompida, na manhã desta quinta, por protesto de cerca de 50 pessoas comandadas pela União dos Estudantes de Pernambuco (UEP).

O debate foi retomado às 14h na sede da EMTU, no Cais de Santa Rita.

Se a proposta da EMTU for aceita, os aumentos serão os seguintes: o anel A (usado por 70% dos passageiros) passa de R$ 1,60 para aproximadamente R$ 1,73.

O anel B, de R$ 2,45 para R$ 2,65.

O D, de R$ 1,95 para R$ 2,11.

O G, de R$ 1,05 para R$ 1,14.

O S (linha circular), de R$ 0,65 para R$ 0,70.

Sendo aprovado pelos 28 membros do CMTU, o reajuste entrará em vigor depois que for submetido à análise da Agência Reguladora de Pernambuco (Arpe), medida tomada pela primeira vez pelo governo do Estado.

Também caberá à Arpe fazer os arredondamentos necessários para facilitar o troco nos ônibus. (Com o Jornal do Commercio e a Rádio Jornal)