Turismo X Recife: Cidade de pouca sorte!
Por Allan Aguiar Como de costume, hoje fui para minha caminhada matinal na praia de Boa Viagem.
Maré seca, sol ameno, contavam-se as nuvens que resistiam à brisa que massageava todos que começavam o dia junto aquela bela Praia.
Caminhando e pensando sobre minha trajetória ao longo de um ano completado, onde decidi, com a minha família, transferir-me no sentido de atender convite para contribuir para a melhoria do Turismo Estadual.
Hoje foi um dia especial, foi a última caminhada, considerando que assumimos outro desafio e estamos deixando a Cidade.
Sempre termino a caminhada com o melhor mergulho que uma praia urbana pode oferecer, contudo no raso, considerando as enferrujadas placas que alertam para os tubarões do mar.
Estima-se que o litoral nordestino possua algo parecido com 3.000 quilômetros de praias, sendo que os 12 quilômetros de Recife conseguiu se firmar como entreposto da patota marinha de alta periculosidade.
Os Golfinhos estão na Bahia, Rio Grande do Norte e Ceará?
Nesse último ano não consegui conhecer nenhum tubarão marinho habitante de Boa Viagem.
Nunca me molestaram.
A má fama de cidade violenta não ficou só em terra, adentrou ao mar também.
Na hierarquia das prioridades de quem viaja, segurança lidera.
Após, vem Sol e Mar e assim sucessivamente.
Tentando entender a dinâmica do sofrimento turístico da Capital Pernambucana lembro-me do comentário leigo de um certo taxista de limitada escolaridade, mas de elevado conhecimento e sensibilidade, que afirmava, sem gaguejar, que em trinta anos de praça, não lembrava de um Prefeito tão bom, fazendo, na seqüência a ressalva: “menos no Turismo, a cidade tá morta”.
Alguns afirmam que os “homens passam e as instituições ficam”.
Não em relação às entidades do Turismo privado local.
Aqui “a Instituição passa e o homem fica”.
São os imortais da Academia Recifense do Turismo, a ART, que arrastam sua esclerose ao longo das décadas, produzindo estragos irreparáveis a mais importante Cadeia Produtiva da economia Estadual.
O Turismo está inserido, na estrutura produtiva, no segmento dos serviços, sendo este uma das locomotivas do PIB Estadual, se não estou equivocado.
O mais precário curso ou intercambio em Gestão Pública em Turismo, em suas cadeiras introdutórias, ensina que mais forte e competitivo será um determinado Destino Turístico quanto mais forte, gregário, parceiro e lúcido for seu Trade Turístico.
Cancún e Cozumel, no México, Punta Cana, na República Dominicana e Varadero, em Cuba, para citar alguns, chegaram lá graças ao desembarque de bandeiras/investidores hoteleiros de padrão Global, os quais construíram não apenas hotéis e resorts, mas novos Destinos Turísticos. É o velho ditado popular: “quanto mais cabra, mais cabrito”.
Portanto, quanto mais Resort, mais turista!
Tomemos o exemplo de Porto de Galinhas que, no passado, era uma praia de mochileiros aventureiros descobridores, de baixa renda.
Hoje é um sítio mais conhecido na Europa que Recife e mesmo Pernambuco.
Equipamentos de alto padrão atraindo brasileiros e estrangeiros de perfil sócio-econômico mais elevado.
Poderíamos ter em Pernambuco algumas Porto de Galinhas.
Porto é forte e competitiva por que possui um trade que opera equipamentos de nível internacional.
No Turismo, como na vida, a união faz a força e Porto de Galinhas é um exemplo ainda não entendido pela patota do “eu sou o Trade”, movida a convênios, festas, glamour, vaidade e outras coisas.
O trade de Porto é mais negocial e menos emocional.
Mais resultado e menos processo. É internacional e não paroquial. É o que sustenta a imagem de Pernambuco.
O destino Recife é dominado pelas trevas sombrias do atraso, por pousadeiros insolventes do Pina, que continuarão submetendo a tudo e a todos a vexames como os contabilizados em 2007.
Por último caber lembrar que Governo induz, não produz.
Governo promove, mas não corre, se move.
Governo é gerúndio, trade é contas-a-pagar amanhã e que é impossível fazer omeletes sem quebrar os ovos! É o meu parecer, S.M.J PS: Allan Aguiar, ex-Presidente da EMPETUR e da Fundação CTI-Nordeste PS: Mais contido, desta vez Allan Aguiar só faz referências, mas não cita diretamente José Otávio Meira Lins ou Samuel Oliveira, hoteleiro e secretário de Turismo do Recife.