Depois de deixar os petistas de cabelo em pé com o reboliço de sua entrevista kamikaze à revista Piauí, em que disse que o PT gaúcho construiu sua sede com “malas de dinheiro”, o ex-ministro e deputado federal cassado José Dirceu, que realizou uma cirurgia de implante capilar aqui no Recife, já está no quarto, recuperando-se e fazendo curativos.
Ele está internado no Hospital Memorial São José, na Av.
Agamenon Magalhães, depois de uma intervenção feita pelo cirurgião plástico pernambucano Fernando Basto.
Dizem que o cara é um papa no seu ofício, depois de ter inventado uma técnica de implante fio a fio.
No caso de Dirceu, fios de ouro, é claro.
O ex-deputado deve receber alta amanhã.
No hospital, os funcionários mais humildes, aquele que o PT já representou um dia, não deixaram de registrar a indignação. “Não tem onde mais gastar dinheiro, vem pendurar cabelo aqui no Recife”, reclamou um deles, cujo nome omitimos para não sofrer represálias.
Para quem, como José Dirceu, já fez cirurgia para alterar o formato do nariz quando estava na clandestinada (cirurgia que até inspirou um personagem da atual novela das oito da Globo, Duas Caras), colocar uns tufos de cabelo a mais é fichinha.
Vidas passadas O mineiro José Dirceu de Oliveira e Silva tinha 19 anos por ocasião da Revolução de 1964.
Nessa época, era estudante secundarista na cidade de São Paulo e já participava do movimento estudantil- filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Dois anos depois, já universitário, José Dirceu estava totalmente impregnado pelas idéias radicais de seu líder no PCB, Carlos Marighella, e o acompanhara na denominada “Corrente Revolucionária”, criada dentro do partidão a fim de defender a luta armada.
No final desse ano de 1966, ingressou na “Ala Marighella”, tranformada, um ano depois, no Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP).
Em 1968, José Dirceu foi presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE) .
No início de outubro, ele foi umdos líderes do conflito no qual se envolveram, na Rua Maria Antonia, cerca de um mil estudantes universitários da Faculdade de Filosofia da USP e do Mackenzie.
Armados de correntes, porretes, revólveres e coquetéis molotov, os estudantes digladiaram-se numa verdadeira guerra campal,que resultou na morte de um estudante (baleado na cabeça).
Dez outros feridos e cinco carros oficiais incendiados atestavam a violência da manifestação.
Na época, ocorreu a prisão de José Dirceu - então mais conhecido como “Daniel” .
O resto da história vocês já conhecem.