Da editoria de Brasil, no JC de hoje RIO – A ação da polícia do Rio, ontem, na Mangueira abalou o já conturbado Carnaval da mais famosa escola de samba do Rio, que sempre se orgulhou de ser a única das grandes a não depender do jogo de bicho.
Os bicheiros continuam longe.
Mas há um mês, o nome da escola – que este ano vai homenagear os 100 anos do frevo – foi associado ao tráfico.
Primeiro seu então presidente Percival Pires, foi flagrado pela Polícia Federal num vídeo homenageando, em nome da escola, o traficante Fernandinho Beira-Mar e sua mulher, Jacqueline.
Percival renunciou.
Depois, o então presidente da bateria, Ivo Meirelles, foi acusado de abrir uma passagem da quadra para o morro, que facilitaria a entrada de traficantes nos ensaios da escola ou a fuga, em caso de operação policial.
Na época, Meirelles renunciou e a Mangueira negou que a passagem existisse.
Ontem, a polícia descobriu que ela não era ficção.
As notícias de envolvimento de membros da direção da escola com o tráfico deixaram a Mangueira em situação difícil.
Não só para colocar o Carnaval na avenida, mas também no relacionamento com patrocinadores de projetos sociais.
Os programas existem justamente para livrar as crianças do tráfico.
A salvadora da pátria verde-e-rosa é Eli Gonçalves da Silva, Chininha, que assumiu a presidência no fim de dezembro.
Neta de Saturnino Gonçalves, fundador da escola, e filha de dona Neuma, figura carismática do Carnaval carioca, Chininha, 64 anos, tomou posse com a tarefa de recuperar a imagem e o prestígio da Estação Primeira.
Os projetos sociais, dirigidos ela, são bancados por grandes empresas.
A Icatu Hartford , que financiava o Escrever para vencer, avisou que em 2008 não vai continuar.
A BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), que banca o curso profissionalizante Faz-Tudo, para jovens do morro, não quis falar sobre o assunto.
Já a Petrobras disse que confia na lisura da Mangueira.
Em nota, a empresa diz que “é patrocinadora da Vila Olímpica e do Centro Cultural Petrobras Mangueira.
Ambos têm conta bancária específica, prestam contas trimestralmente e são monitorados por fiscais da Petrobras”.
O contrato foi renovado por mais um ano.
A Embelleze, empresa de produtos para o cabelo, também patrocina um curso profissionalizante na favela e renovou o contrato.
A prefeitura de Recife, que está despejando R$ 3 milhões para a Mangueira cantar na avenida os 100 anos de frevo, ficou apreensiva. “Ficamos preocupados, mas preferimos não nos envolver”, explicou Lygia Falcão, coordenadora na prefeitura das comemorações dos 100 anos do Frevo.