Por Amanda Tavares Algumas das péssimas notícias divulgadas nos últimos anos em relação à educação em Pernambuco me traziam esperança.
Baseada na seguinte teoria: quanto mais o Estado for exposto através de índices negativos no setor, maior será a preocupação em se resolver o problema.
Uma notícia divulgada hoje, no entanto, me fez repensar.
Ao abrir o caderno de economia do Jornal do Commercio, vi a notícia de que, por causa da perda da CPMF (ela de novo!), o Governo Federal cortará gastos que seriam destinados para onde?
Isso mesmo, nem preciso responder.
Mais uma vez, a educação é escanteada.
Daqui a pouco, vira clichê dizer que é ignorância desprezar a educação, dizer que muitos países só se desenvolveram porque investiram no setor.
Isso já se repete demais.
Talvez por isso a situação só piore.
As pessoas falam, falam, mas o que falta é cada um assumir a sua culpa.
Ninguém está, de fato, preocupado em resolver.
Semana passada, a Revista Veja publicou uma matéria que tinha como foco a falta de compromisso de alguns professores de escolas públicas.
Por contarem com a estabilidade a seu favor, os profissionais citados tinham uma quantidade de faltas considerável.
Alguns deles com atestados médicos por quase todo o ano.
Lembro-me de um dos exemplos: um docente que também trabalha como advogado.
Assíduo no escritório, mas na escola…
Pois bem, colaram essa matéria no mural da sala dos professores da escola onde trabalho.
Como já era de se esperar, um professor puxou o debate.
Dizia ele que achava “absurda” a forma de abordagem da revista.
Uma professora logo acusou a mídia de “querer sempre jogar o povo contra os professores”.
Outro disse: “Vão pensar que nós, que trabalhamos de verdade, também somos assim”.
Afirmei, então que era só ele se defender.
Ora, se a caparuça não me cabe, porque ficarei reclamando?
Prefiro pensar que matérias como essa podem incentivar a fiscalização nas escolas.
Eu também ganho pouco, também lido com a falta de estrutura e com todos os outros problemas e tenho que assinar o ponto de freqüência todos os dias.
Porque há alguns colegas que podem contar com alguns privilégios?
A imprensa não deixa de ter culpa no cartório.
Não me refiro às notícias de cunho negativo como aumento dos índices de analfabetismo ou queda nos índices de aprendizado.
Falo da inexperiência de alguns colegas em relação ao setor.
Há, afinal, aqueles, que por não conhecer (ou por desvalorizar) a educação publicam equívocos, não pesquisam, nem sempre ouvem “os dois lados” e assim colaboram para que a população também se engane.
A população, por sua vez, também parece não se importar muito.
Os estudantes que dependem da educação pública, parecem conformados.
Os que podem, livram-se das escolas públicas, pagam as mais caras e acham que, por isso, tudo está resolvido.
Me admira tanta ingenuidade.
Quanto aos sindicatos, não é de hoje que temos notícias de que entidades que representam diversas categorias estão pouco preocupadas em lutar por melhores condições de trabalho.
O negócio agora é contar com apoio de político e assim ir empurrando o cargo com a barriga até chegar à aposentadoria.
Quando se fala em sindicato de professores, então, muitos dos “companheiros e companheiras” ensaiam lindos discursos, mas preferem dedicar" o tempo todo ao sindicato a ter que dividir a carga horária com a sala de aula.
A verdade maior é que educação não é prioridade para a maioria.
Muita gente se espanta diante de estatísticas negativas, de matérias que mostram realidades de diversas regiões, de resultados de pesquisas nada agradáveis.
Mas na hora de agir, todo mundo deixa para depois.
Para finalizar, uso as palavras sábias de Larissa.
Ela é neta da empregada da minha casa e, um dia, conversando com o pai, disparou: “Pai, quando é depois, hein?
Eu nunca sei quando é…” PS: Amanda Tavares é professora da Rede Estadual e jornalista