O deputado Roberto Magalhães, que foi vice-governador de Marco Maciel na eleição indireta de 1978, disse concordar com as observações de Roberto Freire: “A esquerda brasileira não é democrática na sua origem.

Isso não justifica o golpe de 64, mas não deixa de ter razão quem afirma que o projeto da esquerda antes daquele ano também não era democrático”.

Magalhães diz que essa sempre foi sua tese, “até porque naquela época o comunismo internacional era uma força muito poderosa e tinha uma larga influência em nosso país”.

Segundo ele, o povo foi às ruas pedir o afastamento do presidente com receio de que ele instalasse um regime não democrático. “Jango podia até não ser comunista.

Era latifundiário com origem burguesa, mas era instrumento do PCB.

Como os militares endureceram o regime em 68 (AI-5) e ficaram muito tempo no poder, surgiu essa história de ditadura e o termo acabou se generalizando entre os historiadores”, diz.

Ele lembra, entretanto, que ditadura não é exclusividade dos militares. “Tivemos um ditador civil, que foi Getúlio Vargas, cujo legado continua aí: Petrobrás, Eletrobrás, Chesf, Banco do Nordeste, legislação trabalhista, etc”.

E concluiu: “É difícil encontrar hoje na América Latina um político que não tenha participado ou dado apoio a algum tipo de ditadura.

Isso mostra que pelo menos entre nós, isso é um jogo de soma zero”. (Inaldo Sampaio)