Como uma espécie de Porto Madero, na Argentina, a transformação da favela vertical instalada há anos no prédio da Conab em um hotel, no Recife Antigo, é parte de um projeto maior, mais amplo, de revitalização de uma extensa área do Porto do Recife.
A liberação dos armazéns significa para a cidade o ganho de um novo complexo turístico, cultural e empresarial naquele local.
O Governo do Estado, por meio do Porto do Recife, tomou a decisão de licitar para a iniciativa privada as áreas dos armazéns 10 a 17 do Porto do Recife, que vão do Marco Zero até a antiga fábrica da Pescado Silveira, na vizinhança das futuras Torres Gêmeas da Moura Dubeaux.
Os armazéns 16 e 17 são aqueles que ficam do lado oposto ao antigo prédio da Conab, logo após a área ocupada hoje pela Agemar.
Neste primeiro momento da licitação, os armazéns ocupados pela Agemar estarão fora da oferta à iniciativa privada, por questões contratuais.
O plano de zoneamento já aprovado prevê a construção, nessas áreas, de centro de convenções, hotel com marina, escritórios e outros equipamentos voltados ao turismo e lazer.
A concessão dos espaços poderá ser feita pelo prazo de 25 anos, renováveis por mais 25 anos.
A seleção das propostas e escolha caberá ao Porto do Recife, em data desconhecida.
São áreas não operacionais do Porto do Recife.
Vão servir para a arrecadação de receitas ao longo do ano com as taxas que serão recebidas dos permissionários, compensado as perdas de receitas da União para os portos nacionais.
A Agência Nacional de Transporte Aquaviário, que tem uma resolução própria sobre a destinação destes ativos, já deu até o aval.
O projeto é muito bom e precisa ser apoiado porque a área está degradada e será, assim, recuperada para a cidade.
Espera-se que a PCR, interessada no projeto, não massacre, como costuma fazer, os empresários com a aprovação dos projetos e licenças.
Aqui, é uua pena que os armazéns não possam ser derrubados, sob a alegação de que isto fere a memória portuária.
Nas mãos de bons arquitetos, o Recife poderia ganhar uma nova face, mais moderna, mais bonita, sem esquecer o passado.
No caso argentino, exemplo de recuperação e revitalização que deu certo,os galpões abrigam atualmente o maior pólo de diversão portenha, que, para alguns, já tira o posto da Recoleta.
Há 43 restaurantes, oito cinemas, uma casa noturna, 11 lanchonetes e cafés, passeios, um museu, o Iate Clube, hotéis e uma bela vista do rio e de novos pólos financeiros e residenciais de Buenos Aires. Às margens do rio de la Plata, Porto Madero é um conjunto arquitetônico de galpões que já serviram, no passado, para armazenagem de produtos e alimentos que chegavam pelo mar.
Eles foram revitalizados há cerca de dez ou 12 anos.
Já tive o prazer de conhecer, no auge da crise argentina, que antes não dava.
No Recife, a concretização de uma iniciativa como esta pode representar muito para o turismo da cidade, como já ocorreu com algumas áreas da capital Fortaleza, no Ceará.
Aqui, Boa Viagem virou um dormitório para os muito ricos, com a expulsão dos bares e restaurantes.
Em Buenos Aires, uma cidade que praticamente não dorme, pela lógica da diversão, aproveita-se o dia para visitar museus, parques, praças, bairros, prédios históricos e monumentos, antes da peregrinação ao Porto Madero à noite.
São empregos e geração de renda.