A intenção da Prefeitura do Recife de instalar uma nova passarela sobre a Avenida Herculano Bandeira, no Pina, numa obra orçada em nada menos que R$ 3,5 milhões, começa a causar polêmica.
A presidente do Conselho de Mulheres de Brasília Teimosa, Elides Queiroz, por exemplo, disse ao Blog que só tomou conhecimento do projeto nesta terça (25), quando foi procurada pela reportagem do Jornal do Commercio para opiniar sobre a obra. “Eles falam tanto em orçamento participativo e não ouviram ninguém para decidir este projeto”, reclamou.
Elides contou que vai procurar as outras entidades comunitárias de Brasília Teimosa e do Pina para que informem a população dos bairros e recolham a opinião das pessoas.
Se for preciso, ela vai colocar um carro de som pelas ruas da comunidade para que os moradores tomem conhecimento da obra.
Pode até circular um abaixo-assinado contra o projeto. “Temos que agir rápido antes que eles façam a licitação”, disse.
ELEVADORES A prefeitura pretende licitar a obra ainda este mês, completando a primeira etapa da Via Mangue.
Como o Blog publicou na última sexta (21), a nova passarela terá dois elevadores e quatro escadas rolantes, com duas torres de apoio em concreto armado.
Sua estrutura metálica, com revestimento em alumínio, vai ficar na altura do cruzamento da Herculano Bandeira com a rua Manoel de Brito, por cima do túnel da Via Mangue, que está em fase final de construção.
O equipamento medirá 59 metros de largura, sendo 28 metros do vão livre, e 9,75 metros de altura.
Do chão até o piso, a altura é de 5,40 metros.
A previsão é começar as obras em março para concluí-las em outubro.
A prefeitura defende a idéia de que a nova passarela trará benefícios tanto para o fluxo de veículos quanto o de pedestres que querem atravessar a Herculano Bandeira.
No caso dos carros, não é muito difícil entender a melhoria.
Afinal, pretende-se eliminar os dois primeiros sinais de trânsito da avenida (em frente ao Atacado da Construção e à Igreja do Pina), o que deve mesmo dar maior velocidade ao tráfego. “A travessia é muito curta para que a prefeitura invista tanto dinheiro numa megaestrutura como esta quando seria muito mais simples, prático e barato manter os dois sinais”, avaliou Elides Queiroz. “Imagine o tempo que a gente vai perder esperando elevador para atravessar”, bateu. “E quem garante a segurança para não haver assalto lá dentro?
E quando os elevadores estiverem quebrados?” R$ 600 MIL A presidente do Conselho de Mulheres de Brasília Teimosa ressaltou que a passarela anterior, removida há cinco meses depois de funcionar provisoriamente por três anos, nunca serviu direito à população da área.
Foi alvo de vários protestos da comunidade.
A estrutura definitiva deveria ter sidio implantada em junho de 2005, dentro da inversão do tráfego em Boa Viagem.
O projeto original previa elevador, rampa e câmeras de monitoramento.
Estava orçado em R$ 600 mil segundo estimativas da época - valor quase seis vezes menor que o da nova passarela. “Meu medo é que muita gente morra atropelada naquela avenida com a retirada dos sinais”, advertiu Elides Queiroz.