A Conferência Estadual de Educação Básica, que da segunda (17) até ontem (19) reuniu cerca de 400 pessoas - entre representantes de professores, estudantes, pais, movimentos sociais e órgãos públicos - aprovou uma moção de repúdio à política educacional do Governo do Estado.

O documento, que está sendo encaminhado à secretaria estadual e ao Ministério da Educação (Mec), critica principalmente o fato do Governo ter deixado o planejamento de suas políticas educacionais para instituições da iniciativa privada e sem a participação da comunidade.

No encontro desta semana, foram escolhidos os 43 delegados de Pernambuco que participarão da Conferência Nacional em abril, onde o texto com críticas ao Governo do Estado também será debatido como alerta para as demais unidades da federação.

Embora a Conferência Estadual tenha sido coordenada pela secretária executiva da secretaria de Educação, Aída Monteiro, o plenário conseguiu aprovar a moção de repúdio contemplando os pontos de vista defendidos pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe). “O secretário de Educação Danilo Cabral não procuropu o debate com a comunidade (para discutir metas e planejamento para 2008)”, reclamou Heleno Araújo, presidente do Sintepe. “Procurou a iniciativa privada para manter o que já havia no governo passado”.

A inicativa privada a que se refe Araújo é o Instituto Ayrton Senna (responsável pelos programas Alfabetizar com Sucesso e Acelera), a Fundação Roberto Marinho (que participa do Travessia) e o INDG (Instituto de Desenvolvimento Gerencial, que atua como consultor do Governo na área de gestão). “Nos últimos nove anos, pudemos observar o desmonte da capacidade de formular as políticas educacionais nos espaços da Secretaria de Educação e a fragmentação de programas importados de outros estados, através dos institutos ligados a iniciativa privada”, diz o trecho de uma nota pública publicada pelo presidente do Sintepe, no site da instituição, na última segunda, dia da abertura da Conferência Estadual.

Na nota, Heleno Araújo afirma que o governo manteve programas da administração passada mudando apenas o nome.

ESTOQUE Em entrevista ao Blog, o presidente do Sintepe criticou a diretora do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, como alguém que leva para a educação pública uma visão de empresa. “Ela se refere aos alunos fora da idade-série como estoque”, acusou.

Araújo também avaliou como negativos o estabelecimento de metas sem a participação da comunidade e a premiação com 14o salário para as unidades de ensino que mais se destacarem em 2008. “Ter metas não é problema.

A questão é quem deve elaborá-las”, disse. “O que estão fazendo é trazer gente que não conhece a realidade da educação pública no Estado para estabelecer diretrizes e dizer cumpra-se”.

Ele destacou ainda que as condições dadas aos profissionais de educação para que atinjam as metas estabelecidas são as piores possíveis em Pernambuco. “O salário do professor é um dos piores do Brasil, por exemplo”, bateu.

Sem deixar a bola cair, a vice-presidente do Sintepe, Antonieta Trindade, completou: “A gente recebe 13 salários péssimos e vai receber mais um como prêmio.

Mas não deveríamos ser estimulados com premiações.

O importante é ganhar salários dignos para cumprir nossa obrigação”.

PS: ainda não conseguimos o texto da moção de repúdio.

Leia a nota pública do Sintepe, com críticas à Secretaria de Educação, aqui.