Da Folha Online O bispo de Barra (BA), d.

Luiz Flávio Cappio, 61, vai sair na noite desta quinta (20) do Hospital Memorial Petrolina (PE), onde foi internado ontem, segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra).

De lá, ele retorna para Sobradinho (BA), onde participa de uma missa.

A expectativa é que d.

Cappio anuncie na missa se vai atender os apelos de amigos e familiares e deixar ou não a greve de fome, que completa hoje 23 dias.

O jejum é um protesto contra as obras de transposição do rio São Francisco.

De acordo com o sociólogo Adriano dos Santos Martins, da Coordenadoria Ecumênica de Serviços, o bispo só conseguiu autorização para deixar o hospital após se comprometer a ter acompanhamento médico, usar cadeira de rodas e continuar tomando soro. “Ele conseguiu convencer os médicos e a direção do hospital que precisava retornar hoje para Sobradinho”, disse Martins, amigo pessoal de d.

Cappio.

Segundo ele, todos os amigos querem que o bispo abandone o jejum. “Todos nós queremos que ele interrompa, que ele viva a luta.

Não aceitamos o grau de intransigência e truculência [do governo].

Mas ele não pode se sacrificar mais”, afirmou Martins.

O religioso foi internado depois de desmaiar ontem à tarde após ser informado da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de liberar a retomada das obras de transposição do rio São Francisco.

APELOS O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que não vai ceder aos apelos do bispo para suspender as obras de transposição do rio São Francisco.

Lula afirmou que o governo “não pode ceder” à greve de fome do religioso. “Se o Estado cede, o Estado acaba.

E o Estado precisa funcionar”, afirmou.

Lula disse esperar que autoridades da Igreja Católica convençam o bispo a encerrar o jejum, a exemplo do que ele próprio fez na década de 80 –quando disse que realizou uma greve de fome na carceragem de São Paulo, mas interrompeu a ação depois de ser convencido por d.

Cláudio Hummes (bispo de Santo André na época e hoje \ministro\ do papa no Vaticano). “Eu aprendi com os meus companheiros da Igreja Católica que só Deus dá e tira a vida.

A Igreja não se mete em questões técnicas.

Espero que ele [Cappio] tenha juízo”, disse.

Lula considerou as obras de transposição do rio São Francisco o projeto “mais humanitário!” do governo.

O presidente não hesitou em afirmar que, entre ao bispo e a execução do projeto, vai mandar prosseguir as obras de transposição. “Entre a greve de fome e milhões de nordestinos que serão beneficiados, eu fico com os 12 milhões.”