Depois de receberem o visto provisório de permanência no Brasil, na tarde desta quarta (19), na sede da Polícia Federal, os três músicos cubanos que desertaram no Recife na semana passada não perderam tempo e se dirigiram à Rua da Concórdia, centro da cidade, para comprar instrumentos musicais.
A informação é do professor de dança de salão, Gledson Silva, que acolheu os cubanos em seu apartamento quando eles decidiram pedir refúgio ao Brasil.
Silva contou que o vocalista Miguel Angel Costafreda e os violonistas Arodis Pompa e Juan Díaz já escolheram dois músicos brasileiros para integrar a percussão do grupo.
Os cubanos ainda estão selecionando um baixista e um pianista.
Segundo o professor, que está assumindo as funções de empresário da banda, os cubanos receberam várias propostas de trabalho.
O Blog antecipou na segunda (19) que o próprio bar e restaurante Cuba do Capibaribe, no Paço Alfândega, quer fechar um contrato com eles. “Mas ainda não tiraram a carteria de trabalho, o que só vai acontecer na semana que vem”, contou Silva. “O que eles querem agora é ensaiar”.
Os ensaios devem começar já nesta quinta (20), mas o local ainda não foi definido. “Eles precisam de um estúdio”, disse o amigo e empresário.
Na Rua da Concórdia, os cubanos compraram um violão, um par de maracas, um bongô, cabos e fios. É o próprio Gledson Silva quem está bancando a maior parte dos custos.
De acordo com o advogado José Antônio Ferreira, o julgamento definitivo do pedido de refúgio deverá ser feito entre fevereiro e março pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) - órgão ligado ao Ministério da Justiça.
O Conare usará como base para sua decisão apenas os depoimentos prestados à Polícia Federal pelos cubanos na último segunda (17) e o relato do caso feito pela Superintendência Regional da PF. “Não tenho a menor dúvida de que o pedido deles será aceito”, afirmou o advogado. “O risco de acontecer o contrário é zero”, acredita.
O que para ele vai garantir a permanência dos cubanos é a mobilização da sociedade civil brasileira. “A partir do que aconteceu com os dois pugilistas (Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que desertaram durante os jogos Panamericanos do Rio, em julho, e acabaram deportados), a sociedade se levantou”, disse Ferreira.
De qualquer modo, até o julgamento do caso pelo Conare, o que os cubanos querem é fazer música.
Eles vão continuar morando com Gledson Silva e sua mulher, Edwis, também profesora de dança, no apartamento do casal, no bairro da Torre.
Gledson Silva afirmou que os três já conseguiram falar com suas famílias, em Cuba, por telefone.
Eles quiseram tranquilizar os familiares sobre a situação do trio no Brasil.
Quanto à vinda dos parentes para o País, essa é uma outra luta para uma segunda etapa. “O que eles querem no momento é trabalhar.
Aliás, a banda ainda não tem nome.
Estamos aceitando sugestões”, disse o professor-amigo-empresário.
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