O desempenho excepcional da economia em 2007 e as perspectivas positivas para 2008 são animadores, mas não significam a consolidação de uma trajetória de crescimento que se manterá nos próximos anos.
O alerta é do documento Economia Brasileira – Desempenho e Perspectivas, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Assegurar esse ritmo de crescimento é o desafio que se coloca para 2008”, diz o estudo.
De acordo com os técnicos da CNI, entre os fatores internos que ameaçam a manutenção do crescimento econômico estão o aumento do gasto público e a falta de investimentos em infra-estrutura.
No cenário externo, há o risco de agravamento da crise hipotecária americana.
Segundo o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, a falta de investimentos em infra-estrutura impede o aumento da produção.
Além disso, as despesas reais do governo crescem a um ritmo maior do que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB). “Parcela crescente da renda do Brasil é desviada do setor privado para o setor público, o que compromete a qualidade do crescimento”, destaca o estudo da CNI.
As despesas primárias do governo federal tiveram um aumento real de 8,6% de janeiro a outubro de 2007 e devem fechar o ano em 17,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
Em 2006, a dívida equivalia a 17,2% do PIB.
De acordo com os técnicos da CNI, a redução dos gastos públicos reduziria a pressão sobre a demanda interna e possibilitaria a retomada da trajetória de queda dos juros básicos da economia. “Além disso, gastando menos o setor público poderia reduzir a carga tributária, aumentando a disponibilidade de recursos para o setor privado investir”, informa o estudo.
A estimativa da CNI é que a média da taxa nominal de juros da economia fique em 12,1% neste ano e caia para 11,1% em 2008.
A taxa real alcançará a média de 7,6% em 2007 e recuará para 6,7% em 2008.
Conforme a previsão da CNI, o superávit do setor público fechará 2007 em 4,1% do PIB e cairá para 3,2% do PIB em 2008.
A projeção da CNI é que a dívida pública chegue a 42,9% do PIB neste ano e baixe para 41,3% do PIB no ano que vem.