Diante da determinação da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) de proibir o acesso de ambulantes aos ônibus do Grande Recife e fechar o canal de negociações, a Associação dos Vendedores Autônomos em Coletivos de Pernambuco (Avac) decidiu enfrentar o problema com criatividade e organização.
A entidade encomendou 150 coletes e 150 crachás numerados que serão distribuídos aos vendedores que já se associaram.
E a partir da primeira semana de janeiro todos eles estarão nas ruas devidamente uniformizados. “A população é que vai ser fiscal do serviço”, contou Alexandre Cardoso, diretor administrativo da Avac. “Os coletes têm o telefone da Associação e o passageiro do ônibus vai poder ligar e denunciar algum profissional que esteja trabalhando de maneira errada ou causando problemas”.
Cardoso apresentou uma carta circular da EMTU, datada de 7 de junho de 2007 e endereçada aos empresários do sistema, lembrando que motoristas e cobradores estão legalmante cobertos para negar o transporte de passageiro que “exercer mendicidade” ou “estiver vendendo produtos no interior dos veículos”.
Ou seja, de acordo com o item VII do Regulamento de Transporte Público de Passageiros (RTTP), aprovado através do Decreto Estadual 14.846/ 91, e citado na circular da EMTU, mendigos e vendedores ambulantes não podem subir nos ônibus da Região Metropolitana.
Segundo o diretor da Avac, os ambulantes só estão conseguindo trabalhar em ônibus das empresas Caxangá e Borborema, que ainda não possuem câmeras. “Mesmo assim, dependeno do bom coração do motorista”, afirmou.
SEM PROTESTOS Depois de realizarem seis atos de protestos pelas ruas do centro do Recife, desde o final de agosto, sem conseguirem reverter a posição da EMTU sobre o assunto, os vendedores autônomos decidiram mostrar à população que podem, sim, oferecer um serviço organizado e de qualidade.
Além da uniformamização dos crachás e coletes, a Avac está pondo em prática as sugestões que encaminhou através de ofício, no último mês de outubro, ao gabinete do governador Eduardo Campos.
Entre as medidas, está a entrada de apenas um vendedor autônomo por veículo para que eles não concorram entre si ou provoquem desconforto aos passageiros.
Também não será permitido o trabalho de menores de 16 anos, por exemplo. “Dilson (Peixoto, presidente da EMTU) diz que a população é contra os ambulantes.
Mas os passageiros continuam comprando”, disse Alexandre Cardoso. “Tenho 33 anos e desde os 9 trabalho como ambulante.
Só tenho a segunda série e sustento mulher e dois filhos de 13 e 11 anos.
Estou trabalhando honestamente sem tirar dinheiro de ninguém.
E como é que, de uma hora para outra, vou ter de arranjar outro trabalho só porque Dilson Peixoto é contra.
Tem que derrubar isso”, desabafou o vendedor Jamilton Fortunato da Silva, também diretor da Avac.
Com a palavra, o Governo do Estado e a EMTU.