Por Sérgio Montenegro Filho Concluído o processo de eleição interna do PT, que garantiu ao deputado Ricardo Berzoini mais dois anos à frente do comando nacional do partido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve perder tempo em deflagrar - ao menos internamente - o trabalho de escolha do candidato à sua sucessão.
Uma missão difícil, porque é público e notório que não há, na legenda, ninguém com o mesmo carisma.
E, nesse aspecto, a reeleição de Berzoini facilita os planos do líder maior petista, que já não esconde dos auxiliares a estratégia de inflar a bola da poderosa ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Basta observar as últimas aparições públicas do presidente.
Seja em atos políticos ou meramente festas de inauguração, Lula não larga mais a mão da ministra.
Faz questão de deixar-se fotografar ao seu lado e, se possível, conceder-lhe a aalavra.
Embora titular de uma pasta cuja principal atribuição é cuidar dos assuntos políticos do governo, coube a Dilma, por exemplo, anunciar a descoberta de uma jazida de petróleo na Bacia de Santos, mês passado.
Também foi ela quem se encarregou de fazer o lançamento da TV digital.
Sua assessoria justifica que são questões técnicas, uma vez que a prospecção em Santos começou quando ela era ministra de Minas e Energia na primeira gestão de Lula.
No caso da TV digital, foi ela quem comandou, durante vários meses, o grupo de trabalho que terminou optando pelo modelo japonês.
Mas isso, por si só, não é argumento para a superexposição da ministra, que tem um claro significado político.
Ou alguém esquece que o seu antecessor na Casa Civil, José Dirceu, fazia questão de não aparecer, e andava tanto nos bastidores que ganhou o apelido de cardeal Richilieu do Planalto?
No caso de Dilma, mudou a diretriz do ministério ou mudaram os planos de Lula?
Na verdade, o presidente parece estar testando a imagem pública da ministra, uma ex-guerrilheira combatente da luta armada contra a ditadura militar, que jamais teve tanto destaque na mídia.
De repente, lá está ela, falante e de visual repaginado.
Impossível deixar de notar.
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